Tudo começou com o fascínio diletante de um milionário: em 1935, o pai do barão Thyssen adquiriu em leilão o retrato de uma bela dama florentina, Giovanna Degli Albizzi Tornabuoni, pintado no século XV por Domenico Ghirlandaio. O filho herdou-o e nunca hesitou em classificar o pequeno quadro como o seu favorito entre tantas preciosidades da sua coleção. Podemos vê-lo habitualmente, em lugar de destaque, no Museu Thyssen, em Madrid.
Esta preferência justifica, até 10 de Outubro, a exposição Ghirlandaio y el Renacimento en Florencia. Reconstitui o ambiente do que foi o palácio da família Tornabuoni, na cidade toscana. O comissário, o historiador holandês Gert Jan van der Sman, afirma que quis mostrar aos visitantes do século XXI como vivia a influente família da jovem retratada por Ghirlandaio. Fá-lo, através de 60 obras de grandes artistas da Renascença italiana como Pollaiuolo, Botticelli, Verrochio, Filippo, Filipino Lippi e, como não podia deixar de ser, do próprio Ghirlandaio. A abundante documentação histórica permite mesmo reconstituir os sumptuosos esponsais de Giovanna com Lorenzo Tornabuoni, quando ela contava apenas 18 anos, e reunir no Museu algumas das obras encomendadas pelo casal para maior glória da dinastia.
O notável nesta exposição é o modo como nos devolve, intacta no esplendor da beleza, juventude e riqueza, o mundo de Giovanna, nascida a 18 de Dezembro de 1468, oitava filha de Masso Albizzi e Caterina Soderini. Morreu de parto antes de completar 20 anos, mas vemo-la aqui, eterna e senhora do seu destino de grande dama e do seu pequeno mundo. Está em muito boa companhia. Nesta exposição do Thyssen vemo-la com outros retratos de mulher assinados por Botticelli, Pollaiuolo e Giovanni del Fora. Para nosso deleite e admiração.