Engenho, património, pertinência social, eis alguns dos critérios que o Conselho da Europa coloca na escolha das cidades que, em cada ano, assumem o papel de capitais de cultura. Para 2016, sabe-se, haverá uma capital polaca e outra espanhola, mas se, no primeiro caso, o júri terá de escolher entre cinco candidaturas (Varsóvia, Lublin, Lódz, Torun e Poznan), no segundo haverá, nada mais, nada menos, do que 16. São elas: Alcalá de Henares, Burgos, Cáceres, Córdova, Cuenca, Ilhas Baleares, Las Palmas, Málaga, Múrcia, Oviedo, Pamplona, San Sebastian, Santander, Segóvia, Tarragona e Saragoça.
Bons exemplos da diversidade cultural e geográfica de Espanha, cada uma delas apresenta projectos bem diferenciados e tenta seduzir o júri, liderado pelo britânico Robert Scott, mais e melhor do que as suas concorrentes. Alcalá de Henares, cidade natal de Cervantes, quer associar essa mais valia literária (em 2016 assinalar-se-á o quarto centenário da morte do escritor) à ambiental, apresentando um vasto conjunto de actividades em torno do rio Henares. Património e meio ambiente são, aliás, apostas fortes de outras cidades históricas como Burgos, Cuenca ou Segóvia.
Saragoça que, em 2008, acolheu a Expo, apresenta um projecto em torno de Goya e Buñuel, referências fortes, mas também “símbolos do espírito pioneiro, inovador, de ruptura, original e profundamente criativo”. Tarragona propõe-se representar a especificidade da cultura catalã, contando, para isso, com os esforços conjuntos de instituições tão diferentes como as Fundações Gala-Dalí e Joan Miro e os clubes de futebol Espanyol e Barcelona.
Málaga, cidade que, na última década, conheceu uma importante transformação urbanística, apresenta uma proposta que consolida a sua nova vocação de centro artístico e museológico de primeira importância. Para reforçar essa candidatura, em breve juntar-se-ão ao Museu Picasso e ao Centro de Arte Contemporânea de Málaga, um Museu de Belas Artes e uma delegação do Thyssen. Não menos surpreendentes, pela sua situação insular, são as candidaturas das Baleares e Las Palmas, ambas apostadas em demonstrar que têm muito mais do que sol e água salgada para oferecer. No Norte do país, Santander e San Sebastian são também elas candidatas de peso. A primeira, no Cantábrico, antiga estância balnear da realeza espanhola, aposta na arte contemporânea (com um vasto programa de exposições, festivais, projectos editoriais, actividades e debates), a segunda, no País Basco, pretende fazer da praia e do mar um palco para as artes e para uma vivência lúdica da cultura. O Conselho da Europa deliberará até 2012, mas não será tarefa fácil.