Dia 30. As Breeders ainda respiram e ouvir The Last Splash, na íntegra, foi como dar um último mergulho nos anos 90. A energia em palco dos Dead Can Dance foi tal que até um morto se levantaria para dançar. Nick Cave cantou no seu estilo cavernoso, lançando sementes maliciosas pelo público. Os Deerhunter acertaram em cheio na multidão, como se esta fosse constituída por autênticos veados. Os Wild Nothing souberam ser selvagens, mas depois tudo redundou no vazio.
Dia 31. Os Memória de Peixe deram um concerto de que nem um peixe se pode esquecer. Os Dear Telephone atuaram em alta voz. Os Swans foram como cisnes negros a dar bicadas no público. Os Mão Morta bateram mesmo naquela porta. Os Blur pintaram uma mancha difusa de felicidade. Os Do Make Say Think fizeram o que disseram e pensaram. Os Meat Puppets portaram-se como fantoches de carne e osso.
Dia 1. Os Paus bateram com força. Los Planetas não saíram de órbita. Os Dinosaur Jr. portaram-se como jovens répteis voadores, e já eram dinossauros antes de o serem. Ouvir The Sea and the Cake foi como comer uma pastel de nata numa esplanada à beira-mar. Explosions in the Sky foi melhor do que fogo-de-artifício. Os Savages foram selvagens, mas os Liars não mentiram ao público. Os Nurse with Wound deram-nos o remédio e a cura. Os My Bloody Valentine proporcionaram-nos os mais violentos momentos de paixão. Titus Andronnicus teve a consistência bárbara de uma peça de Shakespeare.
O Optimus Primavera Sound foi o desabrochar dos festivais de Verão. E escrever o Homem do Leme foi como levar um navio a bom porto.