A pandemia estimulou o teletrabalho e os bons resultados que surgiram da experiência forçada já estão a ter resultados efetivos em muitas organizações que decidiram integrar o trabalho remoto na atividade empresarial. Mas nem tudo são vantagens na ‘nova normalidade’ do mundo do trabalho. O isolamento social e a necessidade de interação como estímulo da criatividade são questões recorrentes quando se fala no teletrabalho, défices que podem ser compensados nas dinâmicas criadas nos centros de coworking.
Este e outros temas vão estar em debate no congresso online via Facebook que vai decorrer a partir das 14h30 de hoje e amanhã, numa organização da ‘Comunidade Coworking Portugal”.
Nunca um congresso do sector juntou tantas empresas – serão 16 localizadas de norte a sul do país e ilhas e mais três estrangeiras (EUA, Alemanha e Bélgica) que irão partilhar a forma como estão a gerir o regresso à atividade após o confinamento ditado pelo surto de Covid-19.
“Acreditamos que o teletrabalho veio para ficar e nesse modelo híbrido entre a casa e a empresa, vai consolidar-se também o peso dos centros do coworking porque sabem acolher as pessoas, potenciando o seu talento e conectando-as com os outros utilizadores”, explica à Visão Ivone Cruz, uma das organizadoras do evento e também ela proprietária de um espaço – o Link Cowork & Business Viana do Castelo, um edifício de três pisos preparado para acolher profissionais individuais ou microempresas até cinco trabalhadores.
Saber estabelecer sinergias e criar estímulos fazem, aliás, parte do ADN destes espaços que nos últimos anos se têm multiplicado pelo país a reboque do estatuto que Portugal alcançou lá fora atraindo um número crescente de ‘nómadas digitais’, profissionais que viajam frequentemente e trabalham em modo remoto. Importante, defende Ivone Cruz, “é perceber que não basta ter um espaço com mesas e cadeiras e dizer que é um centro de coworking, é preciso criar um ambiente profissional mas informal, com espírito de comunidade”.
Um dos temas que será debatido no congresso é precisamente a necessidade de existir um enquadramento legal especifico para este tipo de espaços. “É importante definir o que é um espaço de coworking, qual o seu enquadramento legal e comercial. É importante criar uma certificação ou um selo. Faz falta uma associação que una as empresas na defesa destas empresas tal como acontece em diversos países”, realça a empresária. E reforça, apelando a um envolvimento mais próximo por parte dos municípios: “Há sempre uma apropriação dos espaços de coworking quando se quer promover a cidade, mas é preciso ir mais além, é preciso criar sinergias e desenvolver dinâmicas organizadas de crescimento”.