Escreve sem filtro, dispara opinião sem falsa modéstia, fala como quem está no sofá do psicanalista: eis Tati Bernardi, paulista nascida em 1979, herdeira do temperamento de uma bisavó portuguesa que embarcou num navio para o Brasil, já grávida, atrás do seu homem. Escritora, cronista, crítica literária, podcaster, argumentista de televisão, ela é a proverbial “força da Natureza” – e um fenómeno de popularidade também com os leitores portugueses. Com o romance Você Nunca Mais Vai Ficar Sozinha (2021), agora relançado em formato “de bolso”, dedicado à maternidade real e pouco idealizada, e os volumes de crónicas Depois a Louca Sou Eu (2017) e o mais recente Homem-Objecto e Outras Coisas Sobre Ser Mulher (2023), publicados pela Tinta-da-China, Tati construiu a persona exagerada que assume ansiedades, escancara as neuroses e a família e fala a verdade. Mesmo que esta seja a da autoficção. Entrevista para ler com sotaque.
Woody Allen dizia que a realidade é dura, mas é o único lugar onde se come um bom bife. No seu caso, onde houver uma boa parmigiana, há esperança?
