“Compreender o mal é a única forma de combatê-lo “

Foto: Marcos Borga

“Compreender o mal é a única forma de combatê-lo “

Garante que procura escrever livros “fáceis de se ler, mas difíceis de se entender”, aqueles que lemos sofregamente, até ao final, mas que nos deixam com vontade de voltar ao início, para percebermos o que ficou nas entrelinhas. “Literatura não é o que se lê, mas o que se relê”, diz, à VISÃO, Javier Cercas, 61 anos, que esteve em Lisboa para participar no Festival 5L e para lançar o novo romance, O Castelo do Barba-Azul (Porto Editora, 336 págs., €18,85). Trata-se do fim da sua trilogia policial, constituída ainda por Terra Alta (como é conhecida a série) e Independência. Para um dos escritores espanhóis mais marcantes das últimas três décadas, autor de Soldados de Salamina, Anatomia de um Instante, O Impostor ou O Monarca das Sombras, todos aplaudidos pela crítica, escrever um policial é uma forma de se reinventar e de evitar os caminhos da repetição, e também lhe permite falar, ainda mais, sobre o presente, antecipando o futuro que se avizinha. Tudo na pele do seu polícia convertido em bibliotecário, Melchor Marín, um David contra os Golias do mundo contemporâneo.

Ler policiais é muitas vezes viciante. Para um escritor, escrevê-los também o é? Começou por querer escrever apenas um policial e já vai em três…
Num certo sentido, é, mas quando escrevo um livro, policial ou não, apenas quero escrevê-lo o melhor possível. O género a que pertence é secundário. Pensando agora no assunto, todos os romances que me são importantes são policiais, e todos os romances que escrevo também o são.

Porque há uma busca?
Claro, uma vez que há um enigma que alguém tenta decifrar. Escrevi três policiais porque me apaixonei pela personagem principal, Melchor Marín. Verdadeiramente viciante é a própria literatura, uma droga muito mais dura do que qualquer outra.

Perguntava se seria viciante porque o policial tem a sua tradição e os seus códigos. Jogar com esse legado e as convenções foi estimulante?
Quando comparada com o teatro ou a poesia, a tradição do policial é relativamente recente e conheço-a bem. Porém, não quis contrariar ou ajustar-me aos códigos. De início, o meu único objetivo foi dar corpo a uma personagem, que me apareceu do nada, um dia, quando andava na rua.

Como surgiu a personagem?
Cheia de violência, obscuridade, fúria, mas também de luz. É tremendamente contraditório. A descrição que faço do seu nascimento, no segundo capítulo do primeiro volume da série, é muito fiel à primeira imagem que tive de Marín: “Chamava-se Melchor porque a primeira vez que a mãe o viu, acabado de sair do ventre e a pingar sangue, exclamou entre soluços de júbilo que parecia um rei mago.” Só ao fim de muitas páginas percebi que Melchor só podia ser um polícia, porque o centro destes romances tem uma forte relação com a lei ou com a vingança.

Na altura, como também já confessou em entrevistas, queria reinventar-se como escritor. O policial foi mais uma casualidade do que uma escolha predeterminada?
Exato. Aliás, a maior parte do que escrevo não resulta de decisões racionais. Acontece casualmente ou por instinto. A dimensão racional é muito importante quando já tenho um esboço e começo a pensar nas questões técnicas. O essencial não é pensado.

Na literatura, o conhecimento surge quando nos colocamos em lugares incómodos, com personagens que fazem coisas que não são corretas. Saímos do nosso mundo e enfrentamos o mal – compreender o mal é a única forma de combatê-lo

Muitos dos seus romances falam do passado e do impacto deste no presente. Um policial permitiu-lhe falar do presente e do que pode acontecer no futuro, já que este último título, O Castelo do Barba-Azul, se passa em 2035?
É verdade que se pode chegar a essa divisão e que é possível que o policial me tenha levado a falar do presente. Até à série Terra Alta, muitos dos meus livros podem ser lidos como crónicas do passado espanhol ou de como esse passado perdura no presente. Aqui são efetivamente crónicas do presente. Nos romances anteriores, descobri que o passado não passou, continua aqui, que sem este não se pode entender o presente. Mais: que o passado é uma dimensão do presente, sem o qual o nosso aqui e agora está mutilado. O que tentava nesses romances era trazer esse passado à superfície.

E o que mostra na série Terra Alta?
Que o futuro está aqui, que também é uma dimensão do presente, sem a qual o nosso aqui e agora fica igualmente mutilado. Isto é, o modo como imaginamos o futuro diz muito de como vivemos o presente. E não estou a falar de um futuro distante, dos que encontramos nas distopias ou nas visões catastróficas do amanhã. É um futuro muito próximo, muito parecido com o nosso.

Escrever sobre o presente ou o futuro é inevitavelmente escrever sobre um mundo violento, como o que encontramos em Terra Alta e, sobretudo, em O Castelo do Barba-Azul?
Nisso, o presente não é muito diferente do passado. Há violência em todo o lado e a todas as horas. Ao inventarmos uma coisa maravilhosa chamada democracia, temos conseguido atenuar essa violência, ao ponto de podermos dizer que vivemos na época menos violenta da História – mas ela persiste.

É um sinal de alarme haver tantos ataques à democracia?
Sim, infelizmente. É indiscutível que vivemos uma crise da democracia. No final do século passado, com a queda do Muro de Berlim e com o desmoronamento da União Soviética, acreditou-se que a democracia liberal era irreversível, a única via. Foi o que se chamou o “fim da História”. Como se tem visto, foi um anúncio manifestamente exagerado e precipitado. E o que mudou entretanto? A crise de 2008, ainda vivemos as suas consequências.

O que dá tanta centralidade a essa crise de 2008?
A sua brutalidade, só comparável à de 1929, que teve como consequência a ascensão e a consolidação de vários fascismos, bem como a II Guerra Mundial. A crise de 2008 tem provocado um terramoto semelhante: o nacionalismo populista. Ao contrário do que muitos dizem, não estamos a falar de fascismo, embora tenha algumas semelhanças. A História repete-se, muitas vezes, mas nunca da mesma maneira, adquire diversas formas, com particularidades de país para país. Se Trump é um símbolo desse nacionalismo populista, também o Brexit o é, bem como os acontecimentos recentes na Catalunha ou, de certo modo, a Guerra da Ucrânia.

Em que sentido?
Há razões específicas da Rússia, que tem de decidir o que quer ser depois do fim da União Soviética. Será que quer ser um império, como parecem demonstrar as decisões de Putin? Não sei. Mas sei que não é possível dissociar esta guerra da crise que começou em 2008 e que foi tendo as suas repercussões, diferentes de país para país. Putin é atualmente o líder do nacionalismo populista. Não é por acaso que fomentou movimentos semelhantes um pouco por todo o mundo.

Quando as crises são financeiras, as consequências são piores?
Sem dúvida. Uma crise financeira desagua inevitavelmente numa crise social e política. Sempre assim foi e continua a ser, e certamente que vão ocorrer com maior frequência. É preciso estar preparado, o que nunca acontece. O passado ensina-nos sempre como antecipar o futuro. Mas para os políticos o passado só lhes interessa na medida em que o podem manipular.

Ao inventarmos uma coisa maravilhosa chamada democracia, temos conseguido atenuar essa violência, ao ponto de podermos dizer que vivemos na época menos violenta da História – mas ela persiste

Pode parecer que não estamos a falar do seu novo romance, O Castelo do Barba-Azul, mas na verdade estamos, pois todos estes temas estão aí retratados. Quis abordar a forma como o dinheiro se relaciona com a injustiça e a impunidade?
Sim. O dinheiro está ligado ao poder, e este à impunidade. Tem sido sempre assim. A série Terra Alta procura justamente indagar de que forma se pode limitar essa impunidade dos poderosos, que usam o dinheiro para satisfazer os seus instintos mais básicos, de um modo por vezes selvagem. Isto acontece desde que o mundo é mundo, mas agora podemos condenar alguns à prisão – ou a denunciá-los. Estou a pensar em Jeffrey Epstein, por exemplo. É o caso de alguém que criou um esquema para satisfazer os próprios prazeres e que foi condenado, o que nem sempre acontece. Nisso, a literatura, e sobretudo os policiais, tem uma grande vantagem em relação à realidade: os maus costumam pagar pelos seus crimes.

É uma vantagem afortunada!
Sim [risos]. Alivia-nos muito. A ficção e a literatura são uma vingança contra a realidade. Como dizia Cesare Pavese, é uma defesa contra as ofensas da vida. E, para estes romances, encontrei uma personagem que consegue arrancar-nos um “ainda bem!”, mesmo que, para isso, tenham de ser feitas coisas terríveis.

É o preço a pagar?
É sobretudo um incómodo, que eu quero lançar ao leitor. Por um lado, quero que ele celebre o que acontece no final do livro, sobretudo a forma como um episódio local é capaz de atingir uma dimensão mundial, mas também que tenha consciência de que, neste caso como noutros, o triunfo do bem pode ser alcançado através do mal ou de algo que não é correto. Sendo prazer, a leitura também é conhecimento. É como o sexo, que também tem essa dupla vertente. Por isso, quando alguém me diz que não gosta de ler, eu dou-lhe sempre os meus sentimentos.

O conhecimento, neste livro, está associado ao incómodo que diz querer provocar no leitor?
Sim. Na literatura, o conhecimento surge, muitas vezes, quando nos colocamos em lugares incómodos e criamos uma relação (ou empatia) com personagens que fazem coisas que não são corretas. Nestas situações, saímos do nosso mundo e enfrentamos o mal. E compreender o mal é a única forma de combatê-lo. É por isso que a literatura é útil, sempre e quando não se propõe a sê-lo, pois de outra forma torna-se propaganda e pedagogia.

O título do terceiro romance de Terra Alta remete para a lenda do Barba Azul e o seu abuso das mulheres. Mas na leitura de George Steiner, no livro No Castelo do Barba Azul, esse conto popular também nos remete para as perguntas que temos de fazer, mesmo quando podemos temer as suas respostas…
… Sim, e essas perguntas devem continuar a ser feitas. O papel de um escritor é dizer o que as pessoas não querem ouvir. Não porque tem certezas, mas porque se dedica sobretudo a questionar. Daí que as respostas sejam sempre ambíguas, poliédricas, contraditórias. No fundo, a resposta é a própria busca de uma resposta.

Mas numa época com tantos avanços tecnológicos, nomeadamente na área da Inteligência Artificial, também não vê necessidade de se pôr limites à nossa sede de conhecimento, à vontade de saber até onde podemos chegar?
Outra grande vantagem da literatura: não tem limites. Vamos ao fundo do desconhecido para encontrar o novo, como diz Baudelaire, num poema célebre. Ir além dos limites é uma obrigação da literatura. 

Como escritor, não se sente ameaçado pela ficção que começa a ser feita pela Inteligência Artificial?
Nem por isso. No outro dia, o meu filho pediu ao Chat GPT para lhe contar uma piada a gozar com o Javier Cercas. Ele respondeu que não podia, porque se tratava de um escritor sério que abordou temas muito importantes. Fiquei encantado [risos]. Também lhe pedimos um poema, e respondeu-nos com uns versos que podiam ter sido escritos por uma criança de 12 anos. Claro que a IA pode vir a fazer muita coisa, mas é absurdo pensar-se que uma máquina vai escrever melhor um romance do que uma pessoa. Sinto-me zero ameaçado. Ainda é um fenómeno emergente. Vejo mais perigo nas redes sociais, que funcionam sem controlo e alteraram a nossa relação com o mundo.

Fala-se muito de quem controla a Inteligência Artificial…
Ah, mas aí estamos a falar de pessoas, não de máquinas. E com as ameaças das pessoas estamos bem familiarizados.

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