O fotojornalista português Nuno André Ferreira, 41 anos, é um dos premiados no World Press Photo 2021, cuja exposição itenerante a VISÃO voltará a trazer a Portugal, em julho, em local ainda a definir. Natural de Leiria, o profissional da Agência Lusa recebeu o terceiro prémio na categoria Spot News, referente a acontecimentos inesperados, com uma imagem captada no dia 7 de setembro, durante a cobertura de um incêndio florestal no concelho de Oliveira de Frades, distrito de Viseu. A fotografia tem como pano de fundo as chamas que alastram no topo de um monte e apanha, ao perto, um bebé dentro de um carro, curioso com a objetiva do repórter fotográfico e alheio ao que se passa do outro lado do vale.
“É uma fotografia diferente das que estamos habituados a ver nos incêndios, por causa do contraste entre o que de mais ingénuo existe que é uma criança e algo que nos assusta todos os anos como é o caso dos incêndios”, sublinha Nuno André Ferreira, que enviou apenas esta fotografia a concurso e se diz “de coração cheio” com a distinção do World Press Photo. “Não era um objetivo que perseguisse, mas tinha esse sonho. Para mim já bastava estar nomeado, até podia ser décimo porque já seria um reconhecimento”, garante, numa primeira reação à VISÃO. O facto de ser uma imagem captada no Interior do País, longe das grandes cidades, também o enche de orgulho, até porque é a prova de que “uma boa fotografia pode ser feita em qualquer parte do mundo”.
“Fogo na Floresta” é o nome atribuído à imagem, conseguida já no final do dia de trabalho, que havia começado com a cobertura de um outro incêndio, também no distrito de Viseu, onde o fotojornalista reside. Uma vez que só foi enviada para a Lusa pelas 23 horas, já não terá sido publicada em nenhum jornal no dia seguinte – “Pelo menos que eu tivesse visto”, ressalva Nuno -, mas foi depois reproduzida em publicações online, por cá e no estrangeiro.
Nuno André Ferreira, que também trabalha para o grupo Cofina, começou a fotografar na adolescência, mas só se tornou profissional depois de se formar em comunicação social e perceber que o seu futuro estava no fotojornalismo e não no jornalismo. “Não tinha jeito para fazer televisão nem para escrever, e também não tenho voz de rádio”, justifica-se, divertido.
Com o terceiro lugar na categoria ‘Spot News’, o leiriense é o sétimo fotojornalista português a ser distinguido em 66 anos de World Press Photo, depois de Eduardo Gageiro (1974), Carlos Guarita (1994), João Silva (2006 e 2007), Miguel Barreira (2007), Daniel Rodrigues (2013) e Mário Cruz (2016 e 2019). Nuno já tem outros marcos importantes na carreira, como o Prémio Rei de Espanha de Jornalismo (2019) e o Estação Imagem (2010), o galardão mais importante no panorama nacional.