“Um Museu deve ser grande, no interior. Um Museu tem de ser brilhante, no interior.” Foi com estas palavras que o recém-inaugurado Museu de Arte e Educação foi apresentado por Carlos Castanheira, arquiteto português que assinou o projeto juntamente com Álvaro Siza Vieira – a quarta investida da dupla na China. O edifício é um projeto de um grupo privado daquele país – o Huamao Group – e o convite surgiu depois de o seu presidente, Xu Wanmao, ter visitado o Museu de Arte Contemporânea, que Siza Vieira desenhou para a Fundação Serralves, no Porto.
Erguido em Ningbo, uma das cidades mais antigas do país – em tempos paragem principal da Rota da Seda – o betão inconfundível daquele que é considerado um maestro da arquitetura em todo o mundo tem cerca de 6 mil metros quadrados. Mas essa é só uma das suas particularidades: por exemplo, em vez de escadas, o edifício de 25 metros de altura tem uma rampa sem barreiras a ligar os seus cinco andares, e é iluminado apenas por janelas situadas no rés-do-chão e no topo do museu. De uma aparência externa austera, mas sinuosa, e de disposição triangular, convida os seus visitantes a contorná-lo (e a apreciá-lo….) até à porta e só depois são conduzidos por um corredor estreito até ao espaço de altura total, o chamado coração do edifício, onde as paredes brancas ampliam a luz que vem de cima.
“O Museu de Arte e Educação é um pequeno museu que é imenso no seu interior”, continuou Carlos Castanheira, citado pelo site Archdaily, insistindo que “a calma introspetiva dos espaços contrasta depois com o movimento dos visitantes que por ali circulam” – e que esse é “o verdadeiro motor da arquitetura”. “O tamanho não importa, o que um museu deve ter é uma grande alma”, rematou, na inauguração do edifício que, como se vê, é fundado sobre as características que distinguem os dois criativos: betão, uma utilização única de aberturas e uma atenção particular ao jogo de luzes.
Falta só dizer que esta é já a quarta investida conjunta de Carlos Castanheira e Álvaro Siza Vieira na China,
A colaboração de Carlos Castanheira e Álvaro Siza Vieira foi iniciada em 2005 com a construção de um pavilhão na Coreia do Sul. É graças a eles que há um “Edifício sobre a água”, nome da construção de Huai’an, o Mausoléu Chia Ching, em Taiwan e ainda o Museu Bauhaus em Hangzhou, China.