No passado sábado, centenas de pessoas saíram à rua, em Lisboa, a empunhar cartazes com frases como “o medo não é vacina” ou “máscaras geram desconfiança”, ao mesmo tempo que entoavam “Liberdade” e “Verdade”. Tudo sem máscaras nem distanciamento social algum – depois de, na sexta-feira, o parlamento ter aprovado um projeto-lei que impõe o uso obrigatório de máscaras em espaços públicos, e prevê coimas entre os 100 e os 500 euros para os incumpridores. O diploma deverá entrar em vigor na próxima quarta-feira.
O número crescente de casos diários de Covid-19 e o receio de um colapso nos sistemas de saúde explicam a opção pela imposição de medidas cada vez mais restritivas para enfrentar esta segunda vaga da pandemia, mas o cenário de protestos repete-se um pouco por toda a Europa. Em várias cidades do Reino Unido e de Itália, mas também na República Checa, Bélgica e Alemanha, a população tem saído à rua nos últimos dias e o tom da contestação pode ser mais ou menos ruidoso— mas a reclamação é a mesma: “devolvam-nos a nossa liberdade”.
República Checa, Alemanha e Bélgica estão a registar cerca de 15 mil infeções a cada 24 horas, enquanto Reino Unido e Itália rondam as 20 mil. Em França, onde os responsáveis hospitalares já vieram a público reconhecer que o país perdeu o controlo da pandemia, somam-se em média 40 mil novos doentes todos os dias. Aqui ao lado, a situação não está melhor: segundo as últimas contagens, Espanha está a contabilizar também valores da ordem dos 20 mil novos casos todos os dias. Isto depois de, na semana passada, se ter tornado o primeiro país da União Europeia a ultrapassar o milhão de caso de contágio.