Aceder e utilizar o dinheiro é cada vez mais um ato tecnológico, quer seja numa compra com um simples cartão contactless ou com um telemóvel com NFC/QR Code, numa transferência instantânea via APP, numa compra com um wearable, numa constituição de poupança ou num pedido de crédito.
O setor financeiro tem desde sempre demonstrado uma capacidade relevante de transformação da tecnologia em propostas de valor diferenciais para a utilização do dinheiro, digitalizando-a e tornando-a mais ágil, e os consumidores e as empresas têm demonstrado uma grande apetência por esta utilização.
No que respeita particularmente aos pagamentos eletrónicos, o advento do cartão bancário, introduzido em Portugal nos anos 70 e pioneiro na digitalização dos pagamentos físicos, é ainda hoje um marco relevante. Os portugueses habituaram-se desde cedo a utilizar o seu dinheiro através deste instrumento, pelo que Portugal é há muitos anos o segundo país da União Europeia ao nível dos pagamentos com cartão em percentagem ao PIB (42,6% em 2018), sendo ultrapassado apenas pelo Reino Unido.
Mas o mundo acelerou, as tecnologias evoluíram, os paradigmas alteraram-se e pagar, poupar, receber, pedir emprestado já não são apenas atos físicos, presenciais e lineares. A utilização do dinheiro está cada vez menos padronizada. Os devices multiplicam-se: cartões, telemóveis e wearables dos mais diversos. Ver na loja, comprar online onde quer que se esteja, devolver numa loja com localização diferente da primeira, ou vice-versa, são lógicas de omnicanalidade com as quais já vivemos. Pagar aos amigos ou dividir o almoço com os colegas instantaneamente, sem ter dinheiro físico. Pedir um crédito ou constituir uma poupança de forma imediata sem ter de sair de casa, após pesquisar as melhores opções online, é também uma realidade dos dias de hoje. Tudo isto assessorado em grande medida por novas ferramentas digitais de exposição e gestão financeira app based, que possibilitam novas formas de ter e gerir o dinheiro.
Embora nos pareçam formas de utilização simples e naturais na realidade atual, a verdade é que se tornaram possíveis pela evolução tecnológica a que assistimos nos últimos anos.
O acesso generalizado a mobile e internet são disso exemplo. O novo paradigma “always on” permite-nos aceder de forma desmaterializada ao dinheiro a qualquer hora e em qualquer lugar, criando possibilidades anteriormente inexistentes e impulsionando novos use cases na utilização do dinheiro.
A evolução da segurança no acesso ao dinheiro tem sido também um importante fator criador de confiança na utilização dos meios digitais. A tokenização de transações, a autenticação forte, as assinaturas digitais certificadas, ou a assinatura com chave móvel digital, são exemplos de evoluções que têm possibilitado a todos os envolvidos percorrer um caminho sólido com vista à digitalização do dinheiro.
À conectividade e à segurança juntam-se evoluções tecnológicas basilares como a possibilidade de tratamento de grandes quantidades de informação em real-time, o cloud computing e o machine learning, enablers e potenciadores da digitalização do dinheiro nos mais diversos formatos.
É neste ambiente vibrante de evolução tecnológica que o setor financeiro tem criado nos últimos anos uma simbiose valiosa entre as potenciais utilizações do dinheiro e a tecnologia. As financeiras de hoje, e que sobreviverão no futuro, são mais do que nunca entidades que colocam a tecnologia ao serviço dos clientes, encontrando soluções que simplificam a sua vida nos diversos domínios de utilização do dinheiro: as denominadas FINTECH’s. Incumbentes ou challengers trabalham sobretudo no sentido de transformar tecnologia em use cases relevantes para os clientes finais, num compromisso único de tornar a sua relação com o dinheiro cada vez mais simples e naturalmente digital.