A empresa especializada em mapeamentos do oceano profundo Magellan colocou dois veículos operados remotamente a mais de 3800 metros de profundidade do Atlântico com o intuito de captar milhares de imagens do Titanic. Os especialistas recolheram mais de 715 mil fotografias e recriaram em 3D o estado atual do naufragado navio. O trabalho final vai ser apresentado num documentário na National Geographic intitulado Titanic: The Digital Ressurrection.
Parks Stephenson, um dos analistas envolvido no projeto, conta que “o Titanic é a última testemunha sobrevivente do desastre e ainda tem histórias para contar”. No documentário, vai ser possível conhecer, por exemplo, as evidências entretanto descobertas de uma equipa a bordo que se sacrificou para manter as luzes do navio ligadas o máximo de tempo possível.
Os dois veículos da Magellan captaram as fotos e realizaram milhões de medições a laser, dando origem a 16 TB de dados, o equiparado a cerca de seis milhões de livros eletrónicos. Os peritos contam que o modelo recriado é tão preciso que é possível explorar a projeção em tamanho real como se estivesse a andar no fundo do oceano ao lado dos destroços do Titanic, explica o Gizmodo.
Numa das salas das caldeiras, encontram-se caldeiras concavas, o que indicia que ainda estavam em funcionamento quando o navio submergiu. Para apoiar esta teoria, há ainda vestígios de válvulas abertas, o que sugere que o vapor continuou a alimentar o sistema elétrico do navio até aos momentos finais. Recorde-se que alguns sobreviventes contaram exatamente isso, que as luzes estavam ligadas até ao fim. Para que isso fosse possível, uma equipa de trabalhadores teve de manter as fornalhas em funcionamento já em pleno processo de colapso do navio. Sem este sacrifício, e como a colisão com o icebergue se deu a meio da noite, os botes salva-vidas teriam de ter sido lançados completamente às escuras, o que minimizaria as probabilidades de sucesso.
A recriação mostra ainda vigias destruídas para dentro, o que evidencia que com a colisão, o icebergue partiu janelas o que levou a que gelo entrasse mesmo para algumas cabines, algo que também tinha sido apontado por alguns dos sobreviventes.
De acordo com simulações computadorizadas, toda a situação esteve quase a poder ser evitada. O Titanic estava desenhado para se manter à tona mesmo com quatro compartimentos inundados e a colisão, que durou apenas seis segundos, afetou seis módulos e, em alguns destes, o rasgo não foi maior do que duas folhas A4. Estes rasgos não são visíveis por estarem agora enterrados no sedimento do fundo do mar, mas, se tivessem sido evitados, talvez o desfecho fosse diferente.