Uma equipa de investigadores forenses usou vídeos publicados nas redes sociais para reconstruir exatamente o que terá levado à explosão devastadora registada em Beirute no início de agosto. A equipa constatou que o incidente podia ter sido facilmente evitado e que há vestígios de negligência grosseira a vários níveis que contribuiu para a morte de 200 pessoas, ferimentos em mais de 6500 e destruição em diferentes locais da cidade.
Numa altura em que uma grande fatia da população mundial está munida de um smartphone e não hesita em tornar públicas nas redes sociais imagens e filmagens de tudo o que se passa, os investigadores forenses perscrutaram Facebook, Twitter e outras plataformas para encontrar conteúdos que os pudessem ajudar a perceber o que se tinha passado exatamente em Beirute. Minutos depois da explosão, já havia muitos vídeos a retratar o incêndio inicial nos armazéns, noticia o Gizmodo.
A equipa da Universidade de Londres conseguiu recolher várias evidências dos momentos antes, durante e depois deste incidente, confirmando várias teorias avançadas para a situação. Em outubro de 2014, 2750 toneladas de nitrato de amónio (material usado para fertilização, mas que também é um potente explosivo) foram descarregadas e colocadas num armazém em Beirute. Em fevereiro de 2015, um perito químico forense alertou que 70% dos sacos com este perigoso material estavam rasgados e o seu conteúdo a verter para fora. Antes da explosão, há registos em vídeo e fotos e notícias diversas que mostram que o armazém era usado para guardar também 23 toneladas de fogo de artifício, mais de mil pneus de carros e cinco rolos de corda de queima lenta. Todos estes conteúdos, aliados às condições deficientes de armazenamento levaram ao desfecho fatídico que se conhece.
A equipa da Forensic Architecture criou modelos 3D para reproduzir o armazém, as nuvens de fumo, a explosão inicial e várias partes da cidade destruídas. Veja no vídeo de 12 minutos a explicação completa para o que se passou.