Em 2014, o investigador de saúde pública Joel Moskowitz viu ser negado o acesso a um guia de segurança sobre como minimizar o risco de contrair cancro devido à utilização prolongada de telemóveis. As autoridades, na altura, disseram que o manual estava ainda em rascunhos, não tinha sido aprovado, não havia evidências científicas que o suportassem e que havia o receio de causar pânico generalizado com a sua divulgação. Agora, um tribunal superior condenou mesmo as autoridades a cederem o material em março deste ano e surge agora uma versão atualizada. O documento enfatiza que os riscos associados à utilização de telemóveis ainda não estão perfeitamente claros e que a comunidade científica ainda não chegou a um consenso sobre este tema, explica o ArsTechnica.
Entre as recomendações presentes no manual, estão:
– utilizar auriculares ou alta-voz sempre que possível, em vez de ter o telefone junto à orelha;
– enviar mensagens de texto, em vez de falar;
– transportar o telefone numa bolsa ou mala, em vez de o manter no bolso;
– evitar falar ao telefone quando os níveis de radiofrequência são elevados, por exemplo, quando se faz streaming ou se anda de carro;
– não ter o telefone na cabeceira quando se dorme.
Por enquanto, não há conclusões explícitas de que a exposição às frequências de rádio usadas pelos telemóveis levem ao aparecimento de cacnros. No entanto, há alguns pequenos estudos, que envolveram cerca de mil pessoas, onde esse risco é sugerido. Três grandes estudos experimentais com dezenas de milhares de utilizadores, em 13 países, não encontraram qualquer ligação neste sentido.
Um estudo recente conduzido por John Bucher voltou a trazer o tema para a ribalta ao sugerir que a exposição a este tipo de ondas podia conduzir a dois tipos de cancro em ratos: no cérebro e no coração. No entanto, para este estudo todo o corpo dos roedores foi sujeito às ondas, durante nove horas por dia ao longo de dois anos consecutivos. Estes ratos cobaia acabaram também por viver mais tempo do que as cobaias que não foram sujeitas à exposição. Outras críticas a este estudo passam pela baixa taxa de cancros encontrados nos ratos de controlo, uma vez que estes tumores costumam aparecer em 1 a 2% desta espécie, mas, dos que foram integrados no estudo, nenhum mostrou sinais de cancro.