Requalificação de desempregados, introdução ou reforço de atividades didáticas relacionadas com as tecnologias nos ensinos básico e secundário, aumento do número de licenciados de informática, captação de investimento de empresas estrangeiras, e promoção de novos negócios e startups. Por enquanto são apenas intenções – e todas elas constam da Estratégia Nacional e Plano de Ação para a Empregabilidade Digital 2015-2020, que foi apresentada hoje por uma coligação de institutos, fundações, associações e empresas que é liderada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). O objetivo está já identificado: diminuir a escassez de profissionais no setor das tecnologias, que deverá chegar às 15 mil vagas em 2020 – cinco vezes mais que o número de vagas estimado em 2012.
A nova estratégia nacional de promoção do emprego tecnológico deverá contar com fundos nacionais, comunitários e até de empresas. A aplicação do plano ficará a cargo da Coligação Portuguesa para a Empregabilidade Digital (CPED).
As várias iniciativas poderão ser aplicadas através de consórcios que repartem responsabilidades e raios de ação. A par da liderança da FCT, prevê a constituição de um plenário e de várias equipas setoriais. ANQEP, IAPMEI, Direção Geral do Ensino Superior, APDC, Fundação Calouste Gulbenkian, Ordem dos Engenheiros, APDSI constam na lista de fundadores da nova CPED.
Na UE, são 900 mil as vagas que o programa de captação de novos profissionais pretende preencher. Em Portugal, o problema também já se encontra identificado – e até assume proporções menos animadoras quando se procede à comparação com a média europeia e com os países mais avançados nesta matéria. As estimativas da Comissão Europeia revelam que apenas 2,5% dos profissionais portugueses trabalham na área das tecnologias. O que coloca o País no pelotão da retaguarda, juntamente com a Roménia, a Lituânia e a Grécia, e longe dos 3,7% da média da UE. Na liderança da percentagem de “profissionais tecnológicos” destacam-se Finlândia, Suécia, Malta, Eslováquia e Reino Unido, com cinco por cento da força de trabalho alocada às tecnologias.
«Não obstante a notória evolução europeia em matéria de criação de emprego em TIC, Portugal está entre os países com menos proporção de trabalhadores nessas funções, achando-se o potencial de emprego em TIC subaproveitado. Atendendo à urgência de obviar ao défice estimado de vagas para postos de trabalho em TIC que existirão em 2020, será crucial aumentar a oferta de profissionais de TIC em Portugal e contribuir para o desenvolvimento da economia digital nacional estimulando, simultaneamente, o crescimento económico», refere o documento que serve de guião à CPED.
Além dos apoios à contratação de profissionais das tecnologias, cursos para aquisição de competências ou para a requalificação de desempregados, a CPED está apostada em produzir impacto ao nível dos diferentes currículos de ensino tendo em conta as necessidades do tecido empresarial. No ano letivo 2013-2014, apenas 32,5% das vagas dos cursos de informática foram preenchidas (a média sobe para 75% quando se analisam os cursos de informática, juntamente com eletrónica, automação e energia). Entre 2010 e 2013, o número de diplomados nestes cursos subiu 16% – mas a procura por estes cursos diminuiu 8,8% nesse mesmo período.
À escassez de candidatos, junta-se um desafio de âmbito qualitativo, como atenta a Estratégia Nacional e Plano de Ação para a Empregabilidade Digital 2015-2020: «Reconhece-se que, para além dos cursos de Engenharia ministrados nas Universidades e nos Institutos Politécnicos, existe hoje em Portugal uma oferta de formação em múltiplos perfis profissionais necessários para aquelas atividades, embora nem sempre com os conteúdos considerados cruciais para as empresas ou assegurados com a qualidade desejada».