Apple, Google, Amazon, Microsoft, ou IBM. O que têm em comum? São as Big Techs (grandes empresas tecnológicas, em inglês). E o que é que estas empresas têm a ver com a banca? A resposta vem de Tim Kobe, criador da empresa de design e inovação que dá pelo nome de Eight, numa conferência da Web Summit que pretende adivinhar o futuro da banca: «As companhias tecnológicas são a maior ameaça para os bancos». Hoje, as Big Techs ainda não aprovam créditos nem cobram juros, mas têm algo que as coloca numa posição privilegiada para um dia competirem com os bancos, recorda Kobe: «essas empresas têm uma grande capacidade relacional».
Ilker Altintas, responsável pelas tecnologias do banco turco Akbank, confirma que esse lado relacional nunca teve tanto potencial como os dias de hoje: «A grande mudança está nas formas de interação entre banco e indivíduo. Já temos os chatbots e os assistentes virtuais, mas a grande mudança poderá estar na realidade virtual e na realidade aumentada. Outro dos caminhos segue pelas API (ferramentas que facilitam a programação de aplicações de terceiros) que permitem criar novas plataformas. Depois temos também a Inteligência Artificial (IA) que permite criar rankings de risco de crédito para os diferentes clientes».
Decididamente, a AI veio para ficar na banca, mas Tim Kobe admite que o potencial está ainda por explorar: «estamos numa época similar àquela em que descobrimos como controlar a eletricidade – mas não sabemos como usá-la».
As tecnologias estão a mudar a forma como os bancos atuam – mas também são o único caminho de chegar aos clientes mais jovens, que já tomam a tecnologia como adquirida – e indispensável. O que não significa que os novos serviços têm a vida facilitada. Numa outra conferência, mas ainda sob a temática dos novos serviços bancários, Tom Villante, responsável pela plataforma de pagamentos Yapstone, foi taxativo em considerar que a regulamentação tem como propósito proteger quem já está a operar no mercado, prejudicando quem tem negócios inovadores.
A globalização digital, iniciada pela Internet, também promete abrir caminho a soluções globais, mas o desafio está longe de ser superado.«Uma empresa fintech que queira operar a nível global tem de ter muito investimento em infraestrutura», conclui Tom Villante.