A garantia foi dada esta quarta-feira, numa sessão de esclarecimento e divulgação das ferramentas da maior das redes sociais em Lisboa: O Facebook e o Instagram não vão aplicar quaisquer filtros que bloqueiam automaticamente anúncios ou campanhas de propaganda política durante o denominado dia de reflexão, que antecede a data de cada eleição em Portugal. Durante a sessão de esclarecimento, os responsáveis da Facebook confirmaram que não há qualquer intenção ou iniciativa para criar uma ferramenta capaz de bloquear automaticamente quem tentar disseminar conteúdos propagandísticos no dia em que a lei nacional proíbe campanhas políticas. O que não significa que a Facebook não venha a atuar para ajudar a respeitar a proibição imposta pela legislação.
«Claro que podemos remover esses anúncios (de propaganda) se alguém da comunidade nos reportar a existência desses conteúdos (no dia de reflexão)», respondeu, num encontro com jornalistas, Sean Evins, Gestor de Divulgação Política e Governação da Facebook. Os responsáveis da rede social lembraram ainda que têm uma equipa de especialistas dispersa por diferentes pontos do globo que poderá analisar a publicação de posts de propaganda, tendo em conta a especificidade portuguesa do dia de reflexão.
Durante o encontro com jornalistas, o gestor da Facebook recordou a existência de regras comuns para toda a comunidade de utilizadores dos vários países do mundo – e é essa a principal referência usada, quando se trata de remover, suspender, diminuir a importância, ou denunciar às autoridades locais posts que não respeitam as leis nacionais.
Sean Evins recordou que, no caso dos conteúdos políticos que são pagos, quem lança a campanha é que deverá assumir a responsabilidade perante as autoridades. Segundo o responsável da Facebook, o autor da campanha assume a responsabilidade pelas ações de propaganda, quando declara nos formulários disponibilizados pela rede social que a informação tem cariz político ou partidário e que as campanhas em causa respeitam as leis nacionais. «Na biblioteca de campanhas de propaganda a qualquer momento é possível ver quem é que criou e publicou os anúncios», explicou Sean Evins.
Na biblioteca de campanhas (conhecida em inglês como como Library Ads) são armazenados, durante sete anos, dados que ajudam a descrever diferentes autores e ações de propaganda que foram levadas a cabo em diferentes países. Esta biblioteca foi criada na sequência das alegadas interferências que ciberoperacionais estrangeiros terão tido depois das eleições de 2016, que levaram Donald Trump à presidência dos EUA.
Além da biblioteca de campanhas, a Facebook implementou tanto na maior das redes sociais, como no Instagram e, em moldes diferentes, no Whatsapp, medidas de eliminação de mentiras, discursos de ódio, ou campanhas com propósitos financeiros ilícitos. Com a ajuda de sistemas de aprendizagem-máquina e um total de 30 mil profissionais que analisam os conteúdos de diferentes posts, com o objetivo de apurar se as regras da Facebook ou as leis dos diferentes países são respeitadas.
Com base neste escrutínio, a Facebook elimina diariamente mais de um milhão de mentiras (ou “fake news”, como é costume referir em inglês). Nas campanhas com objetivos financeiros, que poderão não ser ilegais, os algoritmos da maior das redes sociais estão preparados para colocar os respetivos posts em lugares inferiores da página de notícias (ou newsfeed). Esta medida terá logrado diminuir em 80% o impacto gerado pelas campanhas com propósitos financeiros.
Em paralelo com análise dos conteúdos, Facebook e Instagram passaram a aplicar uma sinalética que alerta os internautas para os conteúdos que são disseminados através de campanhas pagas, bem como dados identificadores que ajudam a conhecer melhor os autores ou a proveniência dos diferentes posts. A estas medidas juntam-se ainda os pedido de autorização e identificação das fontes de financiamento, cuja análise pode demorar cerca de 72 horas. Os responsáveis pelas diferentes campanhas também deverão ter páginas de gestão e recolha de queixas ou dúvidas.
«Não estamos a jogar à apanhada (de fake news). Apenas queremos garantir que há transparência», conclui Sean Evins.