O Net.mede faz uma análise com enfoque em três parâmetros que costumam ser especialmente valorizados pelos Internautas: a latência, e as velocidades de download e upload. Qualquer utilizador pode usar esta ferramenta na Internet para confrontar as velocidades e latências disponibilizadas no momento com o serviço que foi contratado ao operador de telecomunicações.
Além destes três parâmetros, cujos resultados podem ser obtidos em poucos segundos, é ainda possível fazer um teste ao denominado Internet Shapping, que permite saber se um operador de telecomunicações está reduzir os recursos disponibilizados para aceder a determinados serviços (geralmente sites de streaming e P2P).
A ferramenta, à semelhança de muitas outras do género que existem na Internet, é gratuita. Por enquanto, apenas está disponível para testes em computadores. Em breve, serão lançadas versões que permitirão fazer os testes em tablets e telemóveis.
Em conferência de imprensa, os responsáveis da Anacom incentivaram os internautas a testarem os respetivos acessos à Net a diferentes horas e em vários dias da semana. A regularidade dos testes tem por objetivo a recolha de dados mais aproximados daqueles que compõem as médias de latência, download e upload do serviço.
Fátima Barros, presidente da Anacom, admite que os dados apresentados pelo testes do Net.mede não têm valor legal, mas acredita que a ferramenta disponibilizada pela Anacom possa vir a ter um papel «disciplinador» dos serviços prestados pelos operadores, que poderão passar a confrontar-se com um acréscimo de queixas dos utilizadores que tenham usado a ferramenta para confirmar que a velocidade da Internet não corresponde às expectativas.
Os responsáveis da Anacom optaram por não se pronunciar sobre a viabilidade de uma hipotética largura de banda mínima, que possa servir de garantia nos contratos de acesso à Net, que hoje são dominados por uma velocidade máxima, que nem sempre é alcançada, apesar de ser o elemnto distintivo de cada tarifário.
Sobre o traffic shapping, os líderes da Anacom recordam que o Net.mede usa uma ferramenta que recorre a um modelo conhecido por Glasnost, que combina medições de tráfego de um serviço específico com as medições relacionadas com o acesso a vários serviços escolhidos aleatoriamente.
A página do Net.mede considera que há Internet Shapping quando o acesso a um serviço sofre uma degradação superior a 20% face a outros serviços também disponibilizados na Internet.
Os responsáveis da Anacom admitem que todos os operadores criam mecanismos que privilegiam o tráfego de alguns serviços em detrimento de outros. Nalguns casos, esta prática é determinante para que os serviços possam operar de forma adequada (por exemplo, vídeos no YouTube ou comunicações por VoIP); noutros casos, o Internet Shapping poderá pôr em causa a livre escolha do internauta e da Neutralidade da Internet. Mais do que questionar a legalidade da atual gestão do tráfego de Internet, a Anacom prefere instar os operadores a serem transparentes, explicitando os mecanismos que permitem privilegiar um tráfego em detrimento de outro.
A Anacom promete acompanhar a recolha de dados e usar novas ferramentas que permitam aferir da qualidade da Internet que é distribuída no País.