O trabalho desenvolvido pelos investigadores debruça-se sobre “armazenamento de energia sem massa”, com vista à criação de um sistema que é simultaneamente uma bateria, mas também parte da estrutura de um equipamento, No futuro, a descoberta pode abrir, por exemplo, caminho a smartphones com a espessura de cartões de crédito, com baterias que são também parte do chassis do telefone. Mas há mais áreas com potencial de uso desta criação, como a da mobilidade elétrica.
A equipa descobriu como criar uma bateria a partir de compósito de fibra de carbono, duro como alumínio e que pode ser usado para o corpo de um veículo elétrico e funcionar como a sua bateria.
Os cientistas sugerem que podem ser criados veículos com um peso significativamente menor. Em alternativa, esta bateria pode ser emparelhada com uma bateria convencional e ajudar a aumentar a autonomia. Citado pelo website BGR, Leif Asp, que lidera a equipa, afirma que “fizemos as contas para carros elétricos que mostram que podem andar mais 70% do que atualmente se tivessem baterias estruturais competitivas”.
O grupo está a trabalhar nesta solução há vários anos, tendo já mostrado em 2018 que a fibra de carbono pode armazenar energia. Desde então, o foco tem passado por aumentar a dureza do material e a densidade da energia, chegando em 2021 aos 24 Wh por quilo, e aumentado para os 30 Wh por quilo agora em 2024.
Já no que respeita a smarphones, Leif Asp detalha que “é possível imaginar que o desenvolvimento de um telefone do tamanho de um cartão de crédito, ou um portátil que pese metade do que pesam hoje em dia, estejam mais próximos”. “Pode ser também que os componentes eletrónicos de carros e aviões possam ser alimentados por baterias estruturais. Vai exigir grandes investimentos para se conseguir cumprir as necessidades desafiantes da indústria dos transportes, mas é também onde a tecnologia pode fazer a maior diferença”, realça.
De acordo com a equipa, para pôr a bateria a funcionar, o trabalho passou por conseguir transformar a fibra de carbono em elétrodos positivos e negativos, eliminando a necessidade de utilizar cobre e alumínio e removendo os metais que poderiam entrar em conflito, como cobalto ou manganês, do elétrodo.
Os investigadores, que publicaram as suas conclusões num estudo da revista científica Advanced Materials, criaram uma startup chamada Sinonus que ambiciona explorar comercialmente esta descoberta.