Os placozoa são pequenos animais marinhos que medem um milímetro e podem ser encontrados em águas quentes rasas, perto de rochas e algas. Agora, uma equipa de investigadores do Centro de Regulação Genómica em Barcelona descobriu evidências de que esta espécie tem umas células de secreção que podem ter dado origem aos neurónios das espécies mais complexas, num processo evolutivo com cerca de 800 milhões de anos.
Estes animais com a forma de panqueca são tão simples que podem viver sem partes do corpo ou órgãos. O comportamento das criaturas marinhas é controlado através de um tipo de especial de células que liberta pequenos peptídeos. Os investigadores prepararam um conjunto de técnicas moleculares e modelos computacionais para perceber como as células dos placozoas evoluíram para o que se encontrava nos nossos antepassados.
A equipa começou por mapear todos os tipos de células encontrados nesta espécie, confirmando o seu papel especializado em determinados tipos de genes e criou depois um mapa de todas as regiões regulatórias do ADN onde se controlam os módulos de genes, obtendo uma imagem clara do que cada célula faz e como ‘trabalha’ em conjunto com as outras. Depois, realizou comparações entre espécies para reconstruir a forma como as células evoluíram., explica o EurekaAlert.
Um dos tipos de células identificado tem muitas semelhanças com os neurónios, que só vieram a aparecer muitos milhões de anos depois, em animais mais avançados. As semelhanças registam-se nos sinais de desenvolvimento das células, nos modelos de genes exigidos para construir partes de neurónios e também na forma de comunicação entre elas usando um sistema de proteínas específicas.
“As células placozoas têm muitas semelhanças com as células neuronais primitivas, mesmo que não sejam completamente iguais ainda. É como olhar para um passo evolutivo”, descreve Sebastián R. Najie, co-autor do estudo.