O reputado professor Lee Berger, da Universidade de Witwatersrand, tem vindo a apresentar detalhes da sua maior descoberta de sempre. Agora, foram reveladas pré-publicações de dois estudos, que ainda não foram revistas pela comunidade, e que indiciam que o hominídeo Homo naledi possa estar mais próximo do Homem do que dos chimpanzés, apesar do tamanho diminuto do seu cérebro.
Berger afirma ter descoberto evidências do enterro mais antigo da espécie humana, acompanhado por fogo e gravação de símbolos. Este paleontólogo liderou a equipa que descobriu os ossos do H.naledi em 2015, a partir da superfície. A caverna onde estes vestígios estavam tem um acesso demasiado pequeno para a maior parte dos homens, pelo que Berger teve de perder 25 quilos para conseguir entrar na câmara. Apesar de ter passado por vários perigos de vida e se ter lesionado no ombro durante a descoberta, o cientista continua a afirmar que valeu a pena.
O Homo naledi tinha cérebros mais pequenos do que os nossos, que indiciam terem vivido há um milhão de anos. Agora, estudos mais recentes colocam esta espécie a viver na Terra há 250 mil anos, ao mesmo tempo que o Homo sapiens, embora não existam provas de interações entre as duas espécies.
Berger descobriu sepulturas pouco profundas onde o H. naledi terá enterrado os seus mortos e com algumas figuras gravadas em pilares próximos, o que é interpretado como sendo simbólico do enterro. Entre as figuras, está um cardinal, quadrados, triângulos e padrões que se assemelham a escadas. “Isto significa que não só os humanos não são únicos no desenvolvimento de práticas simbólicas, como podem nem sequer ter sido os inventores destas práticas”, afirma Berger à AFP.
A descoberta de ossos queimados em locais onde a luz solar não chega reforça a convicção do cientista de que esta espécie também trouxe fogo a estes rituais.
As conclusões deste cientista não estão a recolher o consenso entre os seus pares. O professor Michael Petraglia, da Universidade de Griffith, por exemplo, afirma que “não há evidência física ou cultural que outra população hominídea tenha ocorrido nesta parte do sistema de caverna e não há evidência de que humanos recentes ou hominídeos dos primórdios tenham entrado em qualquer área adjacente a esta caverna até as investigações dos exploradores humanos desde há 40 anos (…) Não tenho razões para acreditar, nesta fase, que o Homo naledi controlasse o fogo e aguardo evidência científica que o comprove”.