A startup iLof e o projeto Neural Motor Behaviour in Extreme Driving ganharam as duas categorias dos Altice International Innovation Awards (AIIA) de 2019. O projeto iLof garantiu o prémio de 50 mil euros relativo à categoria de Startups dos AIIA, com o desenvolvimento de um dispositivo portátil que facilita o diagnóstico de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. O projeto Neural Motor Behaviour in Extreme Driving garantiu para a investigadora Inês Rito Lima o prémio de 25 mil euros relativo ao vencedor da categoria de Academia dos AIIA. O projeto iLof garantiu ainda cinco mil euros do prémio Born from Knowledge, promovido pela Agência Nacional de Inovação (ANI). Os prémios foram atribuído na quarta-feira à noite numa cerimónia que decorreu em Lisboa.
É a segunda distinção alcançada pela iLof em duas semanas: em plena Web Summit, a jovem empresa que começou a ganhar forma no INESC TEC, garantiu um prémio de dois milhões de euros pelo programa de aceleração Wild Card, do consórcio de saúde EIT Health, pelo desenvolvimento de um protótipo portátil que permite diagnosticar doenças neurodegenerativas a partir da análise de amostras de sangue.
O dispositivo recorre a algoritmos de inteligência artificial, que fazem a análise ótica do sangue, a fim de encontrar elementos indiciadores de uma possível doença. «Nos últimos tempos, temos focado o nosso trabalho na deteção da proteína beta amiloide (que pode ser um indicador da Alzheimer), mas antes já tínhamos feito testes na área do cancro, para levar a cabo diagnósticos relativos a diferentes fases de metastização», referiu Joana Paiva, diretora de Tecnologias da iLof. «O nosso objetivo é entrar no mercado num prazo de dois anos, através de parcerias com farmacêuticas», acrescentou a responsável da iLof.
Além do prémio monetário, a iLof garantiu a possibilidade de desenvolver testes com o Grupo Altice com vista a confirmar o potencial dos novos protótipos de análise do sangue.
O projeto Neural Motor Behaviour in Extreme Driving foi desenvolvido durante a tese de mestrado de Inês Rito Lima, entre a Universidade do Minho e o Imperial College de Londres. Com recurso eletroencefalogramas, sistemas de monitorização do olhar e acelerómetros e giroscópios que acompanham movimentos dos membros, a investigadora minhota extraiu os dados da atividade cerebral e das reações que um condutor assume durante a condução. O projeto teve por base a extração de dados de Lucas Di Grassi, piloto de Formula E (a equivalente à Formula 1 com carros elétricos), enquanto conduzia um carro em condições consideradas complexas ou de extrema dificuldade.
Com os diferentes sensores, a investigadora da Universidade do Minho ficou em condições de apurar como é que o cérebro humano atua em situações de condução extrema e pôde correlacionar as diferentes reações motoras e ações produzidas na condução com essa atividade cerebral. «Agora, o objetivo passa por transpor estes dados para os sistemas de carros autónomos, com o objetivo de apoiar a condução em cenários extremos», explica a investigadora minhota.
Os dois projetos premiados foram escolhidos entre 90 candidaturas, com especial predominância de iniciativas desenvolvidas em Portugal e França. Na cerimónia de quarta-feira, desfilaram doze projetos finalistas relacionados com inteligência artificial, extração de dados, e telecomunicações, entre outras áreas.
A edição de 2019 decorreu mais uma vez em Lisboa, mas a próxima poderá conhecer novas paragens. «O formato é para manter. Provavelmente, no próximo ano (a atribuição dos prémios) não será em Portugal, porque sendo um prémio internacional do Grupo Altice, temos de ceder espaço às outras geografias. Portugal tem tido a primazia porque é cá que está sedeada a Altice Labs, mas provavelmente vamos ter a quarta edição dos AIIA em Paris ou Nova Iorque», informou Alexandre Fonseca administrador executivo da Altice Portugal.
Alexandre Fonseca reiterou a intenção de captar candidaturas de vários países, apesar de a recolha e a seleção de projetos ter vindo a ser feita nas empresas que a Altice tem em Portugal e França. «Temos tido candidaturas de vários pontos do mundo, mas a análise dos projetos está centrada em Portugal e França. Provavelmente, (nas próximas edições) essa análise passará a ser feita também nos EUA. Nestes três anos recebemos 300 candidaturas. No próximo ano antecipo mais 100 candidaturas até chegarmos a este modelo com 12 finalistas», conclui o líder da Altice Portugal.