A Agência Espacial Europeia (ESA) confirmou na segunda-feira que desencadeou uma manobra com o objetivo de alterar a trajetória do satélite Aeolus e evitar uma possível colisão com um dos satélites da SpaceX. No Twitter, a ESA não só anunciou a manobra como ainda fez saber que pretende que, no futuro, estas alterações de trajetória passem a ser executadas manualmente.
A alteração de trajetória exigiu a ativação, por via remota, dos propulsores que seguem a bordo do Aeolus. A manobra implicou igualmente a suspensão das operações e missões científicas asseguradas pelo satélite da ESA (o Aeolus é um satélite meteorológico). A alteração de trajetória decorreu a 320 quilómetros de altitude, tendo o Aeolus regressado à órbita original depois de evitar a colisão, refere a Forbes.
Foi a primeira vez que a ESA recorreu à alteração de trajetória com o propósito de evitar um potencial incidente no Espaço. Da mesma forma que confirmou o caráter inédito da manobra remota, a ESA também admitiu implicitamente que, no futuro, as alterações de trajetória tendem a tornar-se mais frequentes, dado o crescendo de satélites, dispositivos ou detritos que orbitam em torno da Terra.
Os rácios praticados pela indústria espacial levam a acreditar nessa tendência: o Aeolus mudou de trajetória por haver estimativas que apontavam para uma probabilidade de colisão de 1 para 1000. Apesar de parecer uma probabilidade reduzida para os padrões terrestres – para a indústria espacial é considerada uma probabilidade demasiado elevada para ser aceite, uma vez que corresponde a cerca de 10 vezes mais que aquele que é o limite máximo estabelecido como referência.
Para evitar todas as potenciais colisões e assegurar todos os cálculos, a ESA conta recorrer a um sistema automático composto por ferramentas de inteligência artificial que deverão determinar as alterações de rotas. «Das estimativas iniciais de potenciais colisões às movimentações para mudar de caminho, os sistemas automatizados estão a tornar-se necessários para proteger a nossa infraestrutura no Espaço», referiu a ESA num tweet.
A ESA não menciona qualquer tipo de desinteligência ou crítica com a SpaceX durante os períodos que antecederam o desvio de rota do Aeolus.
O satélite que foi desviado pela ESA estava em risco de colidir com um dos 60 satélites da constelação Starlink, que a SpaceX começou a lançar no passado mês de maio. A Forbes dá conta de que a SpaceX recusou mudar a trajetória do satélite Starlink 44 apesar do risco de colisão.
Esta não é a única polémica relacionada com os satélites da Starlink, com que a SpaceX pretende criar uma nova rede de telecomunicações à escala mundial. Aquando dos primeiros lançamentos dos satélites da Starlink, já haviam surgido as primeiras críticas de astrónomos que davam conta das interferências que o aumento do número de satélites poderia provocar na observação dos diferentes planetas, meteoros ou estrelas.