E se o uso excessivo de smartphone pudesse influenciar a forma como os alunos universitários estudam, a propensão para beber e o número de pessoas com que estão sexualmente? De acordo com um inquérito aplicado a mais de 3400 estudantes universitários nos Estados Unidos, chamado Health and Addictive Behaviours Survey, realizado por uma equipa de investigadores da universidade de Chicago, de Cambridge e do Minessota, os jovens que usam em excesso o telemóvel tendem a ter mais parceiros sexuais, além de terem maior propensão para problemas de ansiedade e doenças do foro psicológico, como a depressão.
Segundo a BBC, este estudo pretendia aprofundar o conhecimento da saúde mental e bem-estar nas camadas estudantis americanas, cada vez mais próximas da digitalização, inclusive, de smartphones, tablets e computadores.
Para estabelecer se os indivíduos analisados sofrem de adição, ou não, foram feitas questões como: amigos e família queixam-se que usa o smartphone em demasia?; tem problemas de concentração em aula ou no trabalho por estar ao telefone?; sente-se irritado ou impaciente sem o seu smartphone?; sente que o tempo que passa com o telemóvel aumentou ao longo do tempo?; falta ao trabalho/compromissos por estar a usar smartphone?; sente consequências físicas derivadas do uso excessivo de smartphone, tais como tonturas ou vista cansada?
O estudo revelou que um grande número de indivíduos respondeu afirmativamente às questões apresentadas acima. A proporção de estudantes que afirmou ter dois ou mais parceiros sexuais nos últimos doze meses é significativamente maior no grupo de indivíduos que demonstraram usar o smartphone em excesso – em termos percentuais há um rácio de 37,4% com problemas de utilização comparativamente com 27,2% em indivíduos sem adição.
Porém, na opinião de Sam Chamberlain, um dos autores do inquérito e membro do departamento de Estudos Psiquiátricos na Universidade de Cambridge, é difícil de atribuir causas para a mudança nas dinâmicas de interação entre as pessoas.
Explicou à BBC que «pode estar a haver um aumento do número de casos de pessoas que se conhecem através de aplicações de encontros, mas em simultâneo um negligenciar das relações na vida real, devido ao peso que o smartphone tem no quotidiano das pessoas».
«Descobrimos que as pessoas que apresentam ter problemas de adição ao smartphone são tendencialmente mais impulsivas e assim também se explica o maior número de parceiros sexuais», disse o investigador, sublinhando que «se isto fosse saudável seriam registados mais casos de autoestima elevada e menos problemas relacionados com a saúde mental».
Quanto ao abuso de bebidas alcoólicas, os investigadores concluíram que na amostra estudada, os indivíduos que mais usam o smartphone são também aqueles que mais bebem, embora indiquem que não haja obrigatoriamente uma ligação causa efeito entre os dois fatores.
«É fácil associar o problema do uso de smartphone a uma adição, mas se fosse assim tão óbvio, esperávamos que estivesse associado a um leque mais variado de abuso de substâncias (…) mas não é o caso», concluiu Chamberlain.
De acordo com a BBC, alguns especialistas em assuntos de psiquiatria e a Organização Mundial de Saúde sugerem que o gaming deve ser incluído nesta categoria de problemas, uma vez que o problema também tem origem no número de horas que um indivíduo passa em frente a um ecrã.