Um estudo levado a cabo por investigadores do MIT, dos EUA, revela que as fronteiras das tradicionais províncias de Portugal podem ser bem diferentes se se tiver em conta os padrões das comunicações entre os vários grupos populacionais. O gráfico que acaba de ser publicado na Technology Review revela como o “rasto” das múltiplas comunicações entre diferentes pontos do território de Portugal Continental permite recriar novas fronteiras provinciais com base nas relações sociais e económicas evidenciadas pelas origem e o destino dos vários telefonemas e envio de dados.
A imagem que se encontra nesta página e que foi produzida pelo Laboratório Senseable City do MIT é reveladora: à esquerda, surgem representados os diferentes fluxos das comunicações em Portugal Continental; no mapa do meio aparece uma mescla dos fluxos das comunicações sobrepostos às fronteiras provinciais historicamente definidas No mapa à direita são apresentadas as divisões provinciais criadas pelos fluxos das telecomunicações.
Alguns fluxos de telecomunicações reforçam as fronteiras já existentes: é o caso das Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa que se mantêm apenas com alterações reduzidas (no Porto a área de infuência aparenta crescer ligeiramente, enquanto Lisboa perde a Margem Sul) ; o Minho e Trás-os-Montes mantêm as fronteiras com alterações de pormenor.
Noutras regiões do País, as “mudanças do traçado das fronteiras" tendem a ser maiores: as Beiras ficam unidas e passam a abarcar parte da Estremadura; o Ribatejo aglutina do Alto Alentejo; e o baixo Alentejo aparenta uma fusão com o Algarve.
Além de Portugal, os investigadores do MIT aplicaram o mesmo tipo de análise a mais seis países: Reino Unido, Itália, Bélgica, França, Costa do Marfim, e Arábia Saudita. Os investigadores do Laboratório Senseable City, do MIT, acreditam que estes novos estudos poderão ajudar a contrariar ou a reforçar algumas preconceções que habitam o imaginário geográfico de alguns países.
Três exemplos dados pelo estudo do MIT: apenas 9,5% das comunicações efetuadas no Reino Unido passam uma fronteira imaginária que se encontra a cerca de 150 quilómetros a norte de Londres; na Itália, essa fronteira imaginária encontra-se algures na região limítrofe do norte da província de Emilio-Romagna, que serve de charneira com a zona industrial de Turim e Milão – e apenas 7,8% das comunicações passam essa fronteira imaginária; na Bélgica apenas, 3,5% das comunicações atravessam a região dominada pelos falantes de língua flamenga e a região em que a língua francesa predomina.
No Laboratório Senseable City, há a convicção de que a análise de padrões de telecomunicações poderá revelar-se útil para delinear novas comunidades e círculos eleitorais mais adequados aos padrões de vida das populações.
Também no plano comercial, as interações entre os vários grupos populacionais também poderão revelar especial utilidade no que toca a estudos de mercado e hábitos de consumo.
