Investigadores descobriram vestígios de hidrocarbonos aromáticos policíclicos (PAHs) numa galáxia longínqua, que tem mais de 12 mil milhões de anos e que surgiu ‘pouco’ tempo depois do nascimento do universo. A descoberta deste padrão inexplicado traz novas questões sobre a evolução das estrelas e das galáxias.
Na Terra, este tipo de moléculas tem uma má reputação, pois estão presentes no carvão, no petróleo, no smog ou em outros elementos poluentes que constituem um risco para a saúde e para o ambiente. No espaço, no entanto, esta descoberta constitui uma importante fonte de monitorização de locais onde nascem estrelas a elevado ritmo.
A equipa liderada por Justin Spilker, na Texas A&M University, apontou o Telescópio (JWST) para a galáxia SPT0418-47 e descobriu estes componentes em abundância em regiões onde a formação de estrelas era baixa e mais raros onde muitas estrelas nasciam, uma conclusão que ainda permanece por explicar. Spilker conta que “vejo isto um pouco como ‘onde há fumo, há fogo’, não só porque as moléculas aparecem na Terra em fumo e smog. Se pensarmos que estas moléculas mostram onde as estrelas estão a ‘explodir’, então em qualquer lugar onde vejamos jovens estrelas devemos ver também estas moléculas e vice-versa. Em vez disso, descobrimos que há algumas partes da galáxia com moléculas de fumo, mas sem fogo, e outras com fogo, mas sem fumo”, cita o Motherboard.
Os cientistas avançam com a hipótese de algumas destas moléculas poderem ter sido destruídas de alguma forma, por exemplo, por causa de ondas de choque provenientes de supernovas ou que a luz das novas estrelas não esteja tão proximamente ligada a estas moléculas como se julgaria.
A observação decorreu no âmbito do programa TEMPLATES do JSWT, que pretende perceber melhor a formação das estrelas em galáxias que surgiram ‘pouco’ tempo depois da formação do universo. Os investigadores aqui tentam tirar partido de um efeito de amplificação que o campo gravitacional de um objeto próximo da Terra aplica naturalmente, ajudando nas observações.
A galáxia em questão já tinha sido vista pelo South Pole Telescope e Spilker há muito que a tinha nos seus favoritos, pelo que quando surgiu a oportunidade quis apontar o James Webb para aquele local e observar com mais detalhe.
Apesar de os PAH poderem ter assumido um papel no surgimento da vida na Terra, Spilker afasta estas conclusões de agora para estudos de procura de vida alienígena ou para avaliar a habitabilidade de sistemas distantes.