O projeto arrancou em novembro e viu agora a luz do dia: Investigadores do Instituto de Telecomunicações de Lisboa (IT-L) acabam de dar a conhecer não uma, mas sim três versões de uma placa computacional desenhada com o objetivo de captar diferentes sinais fisiológicos do corpo humano. Bitalino é o nome desta placa que começou a ser desenvolvida com propósitos académicos, mas que já está disponível numa versão de “preview” destinada aos mais entusiastas. O lançamento oficial só deverá ocorrer em janeiro de 2014.
As três versões da Bitalino têm um único propósito: o processamento de sinais fisiológicos. Pode ser um eletrocardiograma (ECG), a atividade muscular, a resistência galvânica da pele, o movimento do corpo ou a luz ambiente – todos estes sinais podem ser captados pelos vários sensores incorporados nesta placa computacional.
As três versões apenas variam nas configurações e nos modos de utilização disponíveis: há uma versão estanque que limita a substituição dos sensores incorporados de origem; uma segunda versão que contempla o uso de cabos de extensão e a substituição dos sensores de origem por outros que até podem ser criados pelo utilizador; e ainda uma terceira versão que permite destacar componentes, a fim de criar várias soluções específicas que, no limite, podem ter um único sensor e o respetivo módulo de processamento de sinal.
Comandos de consola e volantes que captam os sinais relacionados com o estado emocional do utilizador são algumas das aplicações já pensadas para esta solução tecnológica. «Também pode ser usada para criar funcionalidades de biometria, ou, por exemplo, facilitar o aparecimento de funcionalidades de telemóvel que fazem ECG e que, eventualmente, enviam esses dados para a análise de um médico», acrescenta Hugo Silva, investigador do IT-L que desenvolveu a solução durante o curso de doutoramento.
Os laboratórios do IT-L estão preparados para assegurar, numa primeira fase, o fabrico das primeiras remessas de Bitalinos. Mas a capacidade de produção é limitada, o que se reflete no preço com que a placa computacional deverá estrear no mercado. «Prevemos começar a vender cada Bitalino com um preço médio de 150 euros por unidade, uma vez que apenas conseguiremos trabalhar com encomendas de séries de 10 unidades. Acreditamos que o preço por placa passe para os 100 euros, caso consigamos arranjar um parceiro que garanta a industrialização necessária para dar resposta a encomendas de centenas ou mesmo milhares de placas».
Atualmente, os mentores do projeto estão a negociar com potenciais parceiros industriais um plano de negócio que garanta maior presença das novas placas computacionais no mercado.
A Bitalino é apenas a face mais visível do projeto levado a cabo por Hugo Silva em parceria com os investigadores do IT-L Ana Fred, André Lourenço e Raúl Martins. Além da placa de computação fisiológica, o projeto contempla uma aplicação que tem por função processar e gravar, em qualquer computador, os sinais captados pela Bitalino, e ainda uma API que pretende facilitar o desenvolvimento de aplicações com tecnologias Android, Java, C ou Python, que possam beneficiar das funções disponibilizadas pelas placas de computação fisiológica.
Hugo Silva garante que nada há no mercado parecido com as placas Bitalino – «e o que há custa 10 mil euros… ou é barato e bastante limitado». Apesar do caráter inovador, o mentor do projeto admite ter tido por inspiração os conceitos Mindstorms, da Lego, e a placa de computação Arduíno. «Os destinatários são os estudantes de medicina, engenharia biomédica, informática, eletrónica, produtores de aplicações ou apenas os engenhocas, que acreditamos poderem ser a maioria», conclui.