A transformação em curso no mundo do trabalho promete não deixar ninguém indiferente. O ManpowerGroup publicou este ano o estudo The New Human Age, cujas principais conclusões reforçam que, embora a tecnologia possa ser o grande impulsionador do desenvolvimento económico, os seres humanos ainda são o catalisador para o futuro. Por outras palavras, o capital humano é, e continuará a ser, a principal fonte de diferenciação e de crescimento económico, e aquelas empresas que souberem ouvir e repensar a forma como atraem e comprometem o talento são as que irão prosperar no mercado de trabalho mais competitivo de que há memória.
Este contexto de rápida transformação no mundo do trabalho, acentuada pela escassez de talento e pelas mudanças nas preferências dos candidatos, exige, por parte das organizações, discernimento, resiliência e capacidade de adaptação em doses semelhantes, e vem reforçar a relevância de iniciativas como as Melhores Empresas para Trabalhar, organizada pela EXAME em colaboração com o ManpowerGroup Portugal. As conclusões da participação oferecerão ao mercado uma ferramenta valiosa: na perspetiva das empresas, a combinação da avaliação da satisfação dos colaboradores e da descrição das políticas organizacionais funcionará como benchmark de mercado, e, na perspetiva dos colaboradores, será estratégico conhecer que empresas estão a saber posicionar-se para captar e reter profissionais qualificados.
Três anos depois da transformação urgente trazida pela pandemia, o mundo do trabalho mudou irreversivelmente. As pessoas não querem apenas trabalhar para viver, elas querem prosperar. E, como vimos com a Great Resignation, estão dispostas a dizer que não e ir-se embora. Os trabalhadores estão a exigir mais – mais possibilidade de escolha, flexibilidade, autonomia e bem-estar – e as empresas com as quais os colaboradores mais se irão comprometer serão aquelas dispostas a mudar e trabalhar ativamente para responder à evolução nas necessidades das pessoas que para elas contribuem.
A pandemia veio também demonstrar que a carreira é apenas uma das dimensões de uma vida enriquecedora e gratificante e os trabalhadores procuram, hoje, empregadores que reconheçam e apoiem ativamente um equilíbrio mais saudável entre vida e trabalho. Nesse sentido, contribuem também a realização profissional e o desenvolvimento de carreira, que são hoje uma prioridade para os profissionais, mais do que a conquista de cargos e posições na hierarquia corporativa. Também a cultura ganhou, entretanto, uma relevância acrescida, tal como o alinhamento com os valores e propósito da organização.
O ranking deste ano promete contribuir para uma discussão que acrescenta valor ao País: o que têm em comum as melhores e de que forma podem outras aprender com o seu exemplo de excelência
Em complemento, o contexto de mudança geracional em que vivemos atualmente torna ainda mais bem-vinda uma avaliação rigorosa das práticas existentes e dos níveis de satisfação e compromisso das equipas nas empresas. Note-se, por exemplo, que dos mais de 10 mil colaboradores participantes no ano de 2022, 80% já pertencem à geração Millennial, uma realidade que, por si só, nos projeta para práticas de gestão de talento, liderança, comunicação e responsabilidade social e corporativa muito diferentes. Além do instrumento que a iniciativa MEPT constitui, é também um momento para se identificarem e premiarem políticas de gestão de talento e de ESG de sucesso. Numa perspetiva mais global, descobrir quais são as Melhores Empresas para Trabalhar também nos projeta enquanto cidadãos de um planeta com desafios prementes, que só podem ser devidamente endereçados por empresas e colaboradores alinhados com mensagens de inclusão, bem-estar e prosperidade. Por todas as razões habituais e mais estas, o ranking deste ano promete contribuir para uma discussão que acrescenta valor ao País: o que têm em comum as melhores e de que forma podem outras aprender com o seu exemplo de excelência.