Muito se tem falado sobre a felicidade das pessoas nos locais de trabalho. É um tema sexy, quente e que está na moda, em grande parte, devido à importância que ganhou devido a tudo o que vivemos por causa da pandemia.
Todos concordamos que, apesar de vivermos tempos desafiantes, estes apresentam aspetos positivos, tendo potenciado a possibilidade de se trazer ao de cima assuntos sensíveis e que têm como intuito fazermos mudanças profundas na forma como pensamos, como vivemos e claro está, como encaramos o trabalho.
No entanto, no que diz respeito à felicidade corporativa, mais concretamente como a vemos a ser trabalhada, abordada e a intenção por trás da mesma, esta pode ser fonte de discórdia e debate.
A meu ver, está na hora de a encararmos numa perspetiva de 360°, sem tabus, sem assumir lados e com a maior das sinceridades, tirando dela o melhor que tem para nos dar.
Primeiro passo: Abordemos o tema de forma pragmática e estratégica, sem esquecer o bem maior que se pretende atingir.
Muitos dizem: “A felicidade é uma estratégia de employer branding, que as empresas usam a seu favor” ou “Dizem que se preocupam, mas o foco continua a ser os resultados e não as pessoas”.
Isto é em parte verdade.
Mas como tudo na vida, existem os dois lados da mesma moeda e não podemos simplesmente ignorá-los e denegrir algo, matando desde logo uma visão que a todos irá trazer vantagens e benefícios.
Está na hora de encarar a felicidade como algo essencial para o dia-a-dia das empresas e das suas pessoas. Está na hora de olhar para os factos e tirar valor disso para um bem comum e maior. Estamos na fase de abrir as negociações, de nos sentarmos à mesa e chegarmos a um acordo diplomático entre aqueles que se movem pelas pessoas e aqueles que pensam tendencialmente em resultados.
E isto leva-nos ao:
Segundo passo: Afinal o que é a felicidade corporativa aos olhos das pessoas e aos olhos da Organização?
Comecemos por dizer que não bastam ofertas de brindes, mesas de ping-pong, fruta e chocolates. É uma parte, mas não chega. O tema é muito mais profundo que isso, porque na realidade envolve pessoas, e nós humanos somos complexos, o que é algo fantástico (e complicado)!
De forma simples, mas sem querer ser simplista, a felicidade é um emaranhado de fatores externos, internos, materiais e não-materiais. Toca na motivação, influencia comportamentos e arquiteturas de escolha.
Quando se fala em felicidade no local de trabalho, existem como dizia anteriormente, duas perspetivas:
– A das pessoas, que estão a dar uma boa parte do seu tempo, conhecimento e competências em prol de um objetivo comum e esperam acima de tudo reconhecimento (material e não material) e uma oportunidade de desenvolvimento;
– E a segunda perspetiva, a das Organizações. Aquelas que dependem de uma estratégia, de uma estrutura que funcione e de pessoas que executem. Mas sobretudo, de resultados que se possam analisar e dinheiro para que possam funcionar e suportar tudo o resto.
Naturalmente, cada um irá sentir e guiar-se pela sua realidade. Mas existe um meio termo, um ponto onde ambos se conectam: as Pessoas precisam das Instituições assim como estas precisam das Pessoas.
Está tudo ligado e sejamos francos, vivemos num momento onde nos apercebemos a falta de empatia que existe. Precisamos de ter nas empresas profissionais que se focam nos números e resultados, bem como profissionais que se importam genuinamente com as pessoas, para que a “máquina” possa funcionar. Fatores motivacionais e intenções à parte, a felicidade corporativa deve ser vista como um trabalho de colaboração entre todos os que fazem parte da mesma Organização.
E isto leva-nos ao:
Terceiro passo: Foco no que realmente importa.
Não existe na realidade um manual e uma maneira certa ou errada de fazer as coisas.
Existem diversas realidades, objetivos e meios. E com isso em mente, resta ser criativo e focado em trazer soluções de valor, sabendo desde logo que muitas dessas “soluções” podem falhar. É a vida. Aprendemos, melhoramos e seguimos em frente!
Acima de tudo o melhor que podemos oferecer, para começar, é honestidade e transparência, sabendo que daremos sempre o melhor, mas que nem sempre vai funcionar e ser perfeito.
Com isto em mente, já temos certamente grande parte da coragem e resiliência necessárias em qualquer processo de mudança.
Paremos então de continuar a olhar para o que nos separa e aproveitemos o momentum para perceber o que nos une e de que forma podemos trazer soluções que acrescentem valor a todos os lados e envolvidos.
Independentemente do que nos move, o que importa é a visão: aumentar os níveis de felicidade e bem-estar das pessoas.
O resto…é apenas barulho e distração.