O secretário norte-americano da Energia disse hoje em Sines que as empresas dos EUA estão interessadas em todos os grandes projetos de infraestruturas em Portugal, nomeadamente os que permitam uma ligação à Europa. “Há um tremendo interesse dos Estados Unidos em grandes infraestruturas ao longo de Portugal,” afirmou Dan Brouillette, durante uma visita ao porto de Sines com um grupo de empresas norte-americanas dos setores da energia e dos portos. “Fui muito encorajado pelos presidentes destas empresas a ver estes projetos em primeira mão”.
Em Sines, além do interesse no gás natural – os EUA já fornecem anualmente 25% do gás que entra em Sines por via marítima -, os norte-americanos contactaram ainda com o plano de expansão do atual terminal de contentores (Terminal XXI) e com o novo terminal Vasco da Gama, projeto já a concurso, e que permitirá mais do que duplicar a atual capacidade de processamento de carga contentorizada.
Apesar de nem o responsável pela Energia na administração Trump nem o ministro português das Infraestruturas, que acompanhou a visita, terem querido detalhar se há empresas norte-americanas entre as candidatas à obra, Pedro Nuno Santos assumiu que o interesse dos EUA na infraestrutura é mais amplo.
“A presença do secretário de Estado de uma das mais altas figuras da administração americana é muito importante para nós e sinaliza o interesse no porto de Sines. No abastecimento de gás, mas não só”. O governante sublinhou ainda a importância do terminal de gás natural liquefeito em Sines para a diversificação e autonomia do abastecimento de energia a Portugal e à Europa, bem como para a redução dos preços da energia por via da competitividade do custo do gás de xisto importado dos EUA. Ali ao lado, a construção do novo terminal de contentores Vasco da Gama, que deverá começar a operar em 2024/2025, é um dos maiores investimentos previstos para os próximos anos no País, estimado em 642 milhões de euros do setor privado e 300 milhões de investimento público.
Empresas chinesas como a COSCO e SIPG já demonstraram interesse em entrar nesta expansão o que, tendo em conta a potencial entrada de empresas norte-americanas na corrida, faz prever um novo palco de confronto entre as duas maiores potências comerciais do mundo. Brouillette admitiu que os norte-americanos estão a olhar para o concurso do novo terminal. Mas, quando questionado se está preocupado com a presença de interesses chineses em Portugal, Brouillette (que depois visitou o terminal de gás natural da REN, empresa detida em mais de 25% por empresas ligadas à China) desvalorizou: “Nós nunca sugerimos que deixassem de falar com os chineses, essa não é a nossa missão aqui. É permitir que as empresas americanas e outras saibam que também estamos interessados neste tipo de infraestruturas.”
Entre a comitiva que visitou Sines estavam responsáveis do maior operador de portos dos EUA, a Ports America, do Ports&Maritime Group (também setor portuário) e da empresa de engenharia AECOM, mas igualmente de quatro companhias ligadas ao gás natural – Venture Global, Next Decade Corporations, Cheniere e Penn America Energy.