Ao lado do Museu de Arte Antiga, o antigo Le Chat deu, há cerca de ano e meio, lugar ao Catch Me. Um restaurante descontraído, com uma das melhores vistas da cidade – afinal, o Cristo Rei fica lá ao fundo, tal como a Ponte 25 de Abril e o rio Tejo a perder e vista – que quer levar os clientes por uma viagem pelo mundo dos sabores.
Pelo menos, todo o imaginário no leva a pensar assim. Com uma carta de inspiração universal, promete, no entanto, dar primazia às raízes – e aos produtos – nacionais. Os dadinhos de tapioca, que ficaram desde a carta anterior, são um dos queridinhos dos clientes, e podemos assegurar que são uma aposta segura. Boas doses, fritura no ponto certo, bons molhos a acompanhar. Há ainda Ceviche de Corvina do Tejo, Croquetes de Bacalhau (bons!),Salty Pancake ou o Pica-Pau de Novilho. E tártaros, de atum ou novilho, que são servidos no ponto certo e com a frescura exigida – nem sempre nos sentimos confiantes ao comer um tártaro, mas aqui tem tudo para correr bem.
Nos pratos principais (cujos preços variam entre os €12 e os €29,5), as opções também se multiplicam e talvez a maior dificuldade seja, precisamente, a diferença que há entre todos os pratos. Se por um lado pode escolher o Taboulleh Japonês (exato, também sentimos a confusão do cruzamento de culturas), a Moqueca Baiana ou o Hamburguer Vegetariano, há também espaço para os tradicionais Bacalhau à Lagareiro ou Polvo Grelhado. Ou Risotto al Gamberi. Ou Salada Tropical de Camarão. Ou ainda a carne selecionada pelo Chef – para onde nos inclinámos, com sucesso, depois do risotto.
O jantar foi acompanhado por um vinho dos Açores, que consta de uma curta, mas muito bem elaborada carta de vinhos, todos nacionais, com preços a rondar os €30 por garrafa, e privilegiando regiões que por vezes não têm a visibilidade que merecem. A exceção à regra é a presença de um Chamapgne (€90), compreensível.
As sobremesas são clássicas – Apple Crumble, Tiramisu, Tarte de Amêndoa… – com uma única a despertar a atenção: o Cheese if You Can, com farofa doce, mascarpone, curd de maracujá e cubos de manga.
Bem confecionada, a comida não surpreendeu, mas também não desiludiu – talvez um pouco de sal a mais num ou outro prato, mas geralmente, equilibrada e a cumprir o propósito. Já o serviço foi um pouco mais confuso. Uma equipa relativamente nova fez com que os cocktails – muito bem elaborados – pedidos para acompanhar a escolha da refeição chegassem já quando as entradas estavam na mesa e alguma falta de atenção acabou por dificultar a comunicação durante o jantar.
Nada de novo para quem tem frequentado os restaurantes em Lisboa – e um bocadinho por todo o País, na verdade: a maior dificuldade é encontrar um serviço de qualidade num setor que atravessa uma crise duradoura, que se iniciou logo após o fim do Grande Confinamento. A elevada rotatividade das equipas não facilita a tarefa dos proprietários ou gestores das unidades, que muitas vezes são chamados à sala para resolver problemas que nem deviam aparecer, num mundo ideal.
O Catch Me ganha por ter, repetimos, uma das melhores vistas sobre Lisboa e isso faz dele um lugar apetecível, mesmo que possa haver falhas. E mesmo que não vá lá pela comida, aproveite os bons cocktails e o pôr-do-sol a refletir-se nas águas do Tejo. Para isso não há competição.