Mark Schneider liderou a maior retalhista do mundo durante os últimos oito anos mas decidiu agora resignar ao cargo de CEO, anunciou a multinacional em comunicado. O francês Freixe, que até agora era vice-presidente executivo da empresa e que liderava o negócio na América Latina (onde a Nestlé tem estado debaixo de fogo) é o sucessor. “Laurent é a escolha perfeita para a Nestlé, nesta altura. Sob a sua liderança, a Nestlé vai conseguir reforçar a sua posição como uma empresa confiável através da consistente e sustentável criação de valor”, referiu o ‘chairman’ da empresa no mesmo comunicado, Paul Bulcke.
Antes de integrar a Nestlé, Schneider foi executivo da gigante da saúde Fresenius – líder de mercado no segmento de máquinas de hemodiálise. Na retalhista, conhecida em Portugal por marcas icónicas como a Cerelac ou o leite NaN entre tantos outros produtos, Schneider focou-se em fazer crescer categorias de elevado valor acrescentado, como os alimentos para animais, o café e produtos alimentares nutricionalmente mais saudáveis.
Mas apesar de ter conseguido crescer em vários segmentos, e ter no seu palmarés a liderança de mercado de marcas como Nescafé e KitKat, os investidores têm penalizado a companhia, cujas ações desvalorizaram 14% no ano passado. Este ano, após o anúncio dos resultados semestrais, e as previsões da empresa de que as vendas vão sofrer no segundo semestre de 2024, os investidores voltaram a reagir e ofereceram uma queda de 6% aos títulos da retalhista.
A Nestlé tem enfrentado também uma série de constrangimentos, desde problemas na cadeia de abastecimento – supostamente causados por um problema informático – até investigações sobre a utilização de técnicas ilegais de purificação da água mineral engarrafada que vende sob a sua etiqueta. Apesar disso, a empresa tem-se concentrado em comunicar cada vez mais com os seus consumidores, falando abertamente dos projetos de desenvolvimento e investigação que passam por garantir embalagens mais sustentáveis, cadeias de valor certificadas seja ao nível da qualidade das matérias-primas seja para cumprimento de todas as diretivas de Direitos Humanos e mesmo o desenvolvimento de novos produtos.
Os suplementos alimentares, a comida para bebés com cada vez mais opções e a redução de açúcares e gorduras nos produtos comercializados têm garantido à companhia a escolha dos consumidores – apesar de nem sempre ser líquido que isso represente a aprovação do mercado de capitais.
“Haverá sempre desafios, mas temos alguns pontos fortes que são inigualáveis”, referiu Freixe aquando do anúncio da sua nomeação, que terá efeitos a partir de dia 1 de setembro, citado pelo Financial Times. “Podemos posicionar estrategicamente a Nestlé para liderar em todas as geografias em que operamos.”, admitiu.