Portugal não tem petróleo nem gás. Mas tem uma oportunidade de ouro para usar as renováveis e dar uma nova energia à economia. Após a crise energética resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Europa acelerou na corrida a uma maior autonomia nesta área, com um especial foco nas renováveis. O nosso país tenta manter-se no pelotão da frente e fez uma revisão ao Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) com metas ambiciosas até 2030, assentes em tecnologias inovadoras. A execução desta estratégia está dependente da atração de mais de €40 000 milhões de investimento por parte dos privados, valor que poderá subir para €75 000 milhões caso se cumpra tudo o que está pensado para a eólica offshore. Governo, empresas e especialistas do setor acreditam que a transformação de Portugal rumo à descarbonização será também um importante estímulo à atração de indústria e à criação de emprego. No papel, esta nova era na energia pode dar um forte impulso à economia portuguesa. Mas chegará toda esta potência ao terreno?
Para já, os sinais que vêm das manifestações de interesse em projetos energéticos no mercado nacional são encorajadores. “As intenções de investimento estão cá”, afirma Pedro Amaral Jorge, presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). O apetite já demonstrado pelos investidores – nomeadamente na energia solar, que será o principal motor de crescimento na capacidade instalada – foi um dos pilares que o Governo teve em conta para a revisão em alta das metas, revelou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, numa entrevista à EXAME. Outro fator essencial está ligado à expectativa de uma maior eletrificação da economia e atração de novas indústrias, que ajudarão a procura a acompanhar o grande aumento de oferta.