Se tivesse de escolher, seria sustentabilidade ou rentabilidade?
As duas, porque a médio e longo prazos não é possível ter uma sem a outra. Nós achamos que, tendo o posicionamento que temos e que pretendemos ter, e o objetivo de desenvolver um projeto único e não só a nível nacional, mas porventura a nível europeu – uma infraestrutura de topo de gama, altamente eficiente em termos de recursos (água, esgotos e energia com uma comunidade energética a funcionar) – com as casas todas feitas em madeira, sem fundações em betão – mas sim através de estacas ou presas à terra; além do facto de que todas as casas são CO2 negativo… todas estas coisas fazem deste projeto uma coisa totalmente única em qualquer lugar do mundo. E acho que o cliente que pode pagar vai reconhecer isso e vai pagar o adicional. Porque este tipo de projeto tem a possibilidade de se valorizar no tempo.
É por isso, também, que começam a estender a atividade para outras áreas? Para garantir essa qualidade ao longo de todo o processo?
Creio que em termos de promoção imobiliária este movimento que fazemos para a madeira é inovador, e não conheço nenhum grupo que tenha feito esta integração… Estes dois investimentos foram feitos não só para promover os nossos próprios produtos, mas com uma visão de exportação. Temos vários amigos que têm uma visão semelhante do ponto de vista de promoção imobiliária, e não necessariamente do ponto de vista industrial, que acham que a construção em wood frame faz parte do futuro – não será a solução única, naturalmente – e que querem ser nossos clientes.
Mas sendo vós promotores, qual a grande vantagem que vão ter?
Seremos uma empresa muito bem equipada, com fábricas robotizadas, com um design apelativo e vamos ter um showroom brutal, que são os nossos projetos. A pessoa chega aqui e não é dizemos aquela coisa de “Ah, tenho ali uma casa [de madeira] em Vale do Lobo, atrás do sol-posto…’ [risos]. Pode ver tudo aqui.
Vão continuar a investir em indústria?
Estamos a olhar ativamente para carpintarias, empresas que trabalhem com pedras, mármores, sistemas de iluminação, cozinhas, portas, closets, tudo o que seja revestimento das casas. Marcas estabelecidas que gostassem de fazer coisas connosco. Uma das razões do nosso atraso, em Portugal, é que não temos o investimento necessário nas fábricas. Nós investiremos o que for preciso, o que fizer sentido. Se desenvolvermos um produto industrializado, vamos fazer o que for preciso.
Criaram este grupo há apenas sete anos. O que será o Vanguard daqui a uma década?
Gostaríamos de continuar neste setor em que achamos que somos bons, mas gostávamos de ter um grupo industrial forte visando sobretudo a exportação. Vamos investir nesse sentido. A holding luxemburguesa [detida somente por Claude Berda] já faz investimentos em diferentes áreas tecnológicas – é um setor a que não tenho dedicado grande tempo, mas é uma área que acho que tem grande potencial. Estou em Portugal porque sou português e não tenho paciência para ir para outro lado, nem tenho nenhuma vantagem competitiva em fazê-lo. Portanto, tento fazer algo aqui na esperança de isto melhorar. Acho que em Portugal apostamos muito pouco em marcas, apesar de acreditar que somos capazes de fazer produtos de exceção.
*Artigo publicado originalmente na edição de agosto de 2022 da revista EXAME