A prevenção é um dos momentos-chave na gestão. E realizar essa tarefa com sucesso é meio caminho andado para o sucesso e para se conseguir reagir a momentos adversos. “As empresas que investem mais na prevenção, na segurança e na saúde dos seus colaboradores, na qualidade dos seus produtos e na sua capacidade de resistir a riscos são também empresas mais produtivas, com uma gestão mais profissionalizada e mais capazes”, considerou o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, na intervenção inicial feita no evento online do Prémio Inovação em Prevenção, uma iniciativa da Ageas Seguros e da EXAME, em conjunto com uma série de parceiros que incluem o ISQ e a Ordem dos Economistas.
Entre as cerca de 100 candidaturas ao prémio, a vitória foi para a Balanças Marques. Esta empresa de Braga arrecadou também a distinção na categoria de projetos de prevenção e inovação na área de Pessoas, devido ao projeto “A Saúde é um assunto de peso”. O diretor comercial, Paulo Marques, explicou em conversa com Tiago Freire, diretor da EXAME, como a empresa tem conseguido ter conta, peso e medida na inovação, prevenção e na gestão dos seus recursos humanos.

O responsável da empresa considera que “a inovação não é importante, é essencial”. E explica que no negócio das balanças já não é da pesagem que veem os maiores lucros: “Costumo dizer na brincadeira que já não vendemos pesagem, vendemos transmissão de conhecimento, de informação e de integração em plataformas de comunicação”. Para crescer nas cadeias de valor que incorporam a pesagem é necessário inovar e estar na linha da frente dos avanços tecnológicos. “Com o nosso número de licenciados e especialistas em processo de informação questionamos: mas esta malta trabalhar em balanças?”. Recorda que “não era isto a que estávamos habituados há 20, 30 anos. Somos uma família se serralheiros que transformava estruturas metálicas em balanças mas hoje em dia não é aí que está o segredo do negócio”.
A precisão na pesagem continua a ser essencial, mas é necessário desenvolver tecnologia na pesagem industrial, captar imagens e transformá-las em informação, controlar tráfego e produção e incorporar algoritmos de forma a tornar esses processos mais eficientes. A questão, realçou Paulo Marques, é como conseguir cativar quem sai das universidades e politécnicos da região para trabalhar numa fábrica de balanças em vez de outras empresas maiores ou que estejam mais na moda. “Esta concorrência aguça o engenho”, diz. A resposta passa por se ser exigente de forma que “seja interessante trabalhar nas Balanças Marques, tanto a nível financeiro, como de condições e segurança”. E conclui que as “empresas precisam de pessoas e as pessoas precisam de empresas e este namoro constante é extremamente aliciante e tem de se alimentar todos os dias”.
Vencedores e finalistas
A Balanças Marques foi distinguida com o Prémio Inovação em Prevenção na categoria de Pessoas. Enfrentou a concorrência de outras duas empresas finalistas: a IT People Consultores, que teve uma menção honrosa, e a Equanto – Intercâmbio Comercial e Industrial.
Os prémios contemplam outras duas categorias: as melhores empresas na prevenção em inovação no Ambiente e também as que se distinguiram no Património. Naquela primeira área, o galardão foi para a Valérius Têxteis. O CEO da empresa, José Manuel Ferreira, destacou o percurso que a empresa fez para ajudar a mudar o paradigma do setor têxtil de forma a deixar de ser poluente e diminuir ao máximo a pegada carbónica: “Temos um compromisso com os nossos clientes e fornecedores de, até 2030, tentar ter carbono zero, via eficiência energética e compensação na natureza com a plantação de árvores”. As outras duas empresas finalistas nesta categoria foram a Douro Palace Hotel Resort & SPA e a Joyn SGPS.
Já na área de Património, o prémio foi entregue à Gofoam. Hugo Bento explicou que “sendo uma empresa química foi nossa prioridade desde o primeiro dia o investimento nos meios de segurança contra incêndios e acidentes industriais graves”. E detalha que “fazemos regularmente simulacros, treinos, formações para que as pessoas se sintam seguras e preparadas para responder a situações adversas”. Nesta categoria, as outras finalistas foram a Conceito – Consultoria de Gestão e a Inocambra – Construções Metálicas.
Os prémios foram atribuídos após um processo que durou quase um ano e que teve como membros do júri António Saraiva, presidente da CIP; Camilo Lourenço; Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal; Gustavo Barreto, diretor geral de distribuição da Ageas Seguros; Henrique Figueiredo, do Compete 2020; José Gomes, CEO da Ageas Seguros; Luís Castro Henriques, presidente da AICEP; Pedro Matias, presidente do ISQ; Pedro Oliveira, da Trust in News; Rui Leão Martinho, bastonário da Ordem dos Economistas e Tiago Freire, diretor da EXAME.
A importância da prevenção
No evento online de entrega dos prémios foi analisada a importância que a prevenção tem para as empresas. José Gomes, CEO da Ageas Seguros, realçou que temos vivido intensamente esse tema devido à crise da Covid-19. O líder da seguradora disse que “muitas vezes associa-se prevenção a custo, mas é um investimento”. E recordo que existem estudos a comprovar que a prevenção traz retorno, já que “por cada euro que as empresas investem em prevenção o retorno é mais do dobro”.
Pedro Matias, presidente do ISQ, notou “uma maturidade muito grande no tecido empresarial português, com preocupações deste tipo”. E realçou que “prevenir vai ser bom para a empresa e também para as seguradoras, já que o facto de pensarmos que qualquer coisa pode acontecer e a preparação de planos de contingência ajudam a que se consiga agir e é muito importante que se faça este exercício mental de preparação”.
A iniciativa contou ainda com o testemunho sobre a importância da inovação por parte de responsáveis de empresas com décadas de história. Leonor Freitas, presidente da Casa Ermelinda Freitas, salientou a importância de se aliar a tradição com a modernização. E exemplificou com o caso da sua empresa, em que se “mantêm princípios tradicionais mas feitos com materiais atuais”. Já Nuno Oliveira Figueiredo, CEO da Cortadoria Nacional de Pêlo, referiu que para progredir a empresa teve de questionar o processo de produção que era feito da mesma forma há várias décadas: “Envolvemos centros tecnológicos e começara a surgir ideias” que ajudaram a empresa a tornar-se mais sustentável e a contribuir para a economia circular. E revela: “Digo muitas vezes internamente que temos quase 80 anos mas acabamos por ser também uma start-up que se reinventa e cria novos produtos”.