Empresas com maior diversidade de experiências e perspetivas atingem, geralmente, melhores resultados e têm mais facilidade em atrair talento. Já houve vários estudos a chegarem a essa conclusão. Mas ainda há dificuldades em incorporar esses dados nas empresas.
Helen Duphorn, country manager da Ikea Portugal, revelou que a gigante do mobiliário e decoração deixou de dar desculpas para enfrentar o problema da falta de diversidade de género há 15 anos e que tem como meta ter 50% de mulheres em equipas de gestão. Em Portugal, as mulheres são já mais de metade do efetivo. “Na minha equipa de gestão estão em maioria”, disse Helen Duphorn na conferência sobre o Futuro do Trabalho, realizada no âmbito do evento Melhores Empresas para Trabalhar, iniciativa da EXAME em parceria com a everis e a AESE Business School.
A responsável do Ikea Portugal, que já passou por vários mercados da empresa sueca e por diferentes unidades de negócio, salientou que dados da consultora McKinsey para realçar a importância da diversidade: “Na última década, a diversidade é mais bem sucedida. As empresas com diversidade de género têm uma probabilidade de entre 20% a 30% em ter lucro e assegurar valor”. Já empresas menos diversas tendem a ficar para trás no desempenho. “As empresas com diversidade são melhores em atrair talento de topo e isso não é surpreendente”, afirmou Helen Duphorn, acrescentando que “equipas de gestão mais diversificadas tomam melhores decisões, porque têm outras experiências e perspetivas”.
Além de ter esbatido o problema da falta da diversidade, a responsável pelo negócio da Ikea em Portugal garante que não há discriminação salarial entre homens e mulheres: “Os salários iguais são um assunto que tem sido monitorizado. Não temos diferenças entre a remuneração de homens e mulheres”. Helen Duphorn aponta que os dados disponíveis indicam que em Portugal a desigualdade salarial entre homens e mulheres é de entre 17% e 22%. Mas a gestora defende que, na gestão das empresas, não é difícil acabar com esse problema.
“Não é difícil de gerir. Na gestão há muitos factores que não se conseguem controlar, mas a questão sobre quem se contrata e quanto se paga a quem é uma tarefa fácil”, garante Helen Duphorn. E exorta outros gestores a fazer o mesmo. “Se têm disparidades salariais na vossa empresa devem resolvê-las antes do Natal”.
Apesar do caminho que tem sido feito para garantir diversidade de género e salários iguais para homens e mulheres, a country manager da empresa nota que ainda há trabalho a fazer, especificamente na diversidade étnica. “Não somos muito bons em diversidade étnica nas gestões. As oportunidades são menos boas para mulheres de origem africana e sul-americana”, diz. Mas o compromisso de Helen Duphorn é tornar a Ikea Portugal também mais diversa neste ponto.