Uma gestão irresponsável, uma política de concessão de crédito, no mínimo, irresponsável, uma administração ausente e um controlo acionista que não existiu ou pactuou com o caos. O resultado: 5,7 mil milhões de dólares de crédito concedido não se sabe bem ou para que finalidade e uma garantia do Banco Nacional de Angola e do governo angolano no total de cinco mil milhões de dólares.
O impacto no banco em Portugal parece estar limitado ou ser praticamente inexistente. Mas certo parece ser a perda do banco em Angola por parte do Grupo Espírito Santo, que através do banco controlava 55,71% do capital doBESA.
As ligações com Angola da família Espírito Santo são antigas. Este país foi um dos pilares fundamentais para a recuperação económica do grupo, mas nos últimos anos as coisas estiveram longe de correr bem. Basta lembrar o caso da venda da Escom, ainda por finalizar, porque não há maneira de ser paga, e agora o BESA.
São vários os bancos portugueses que têm operações muito lucrativas em Angola; o BPI, por exemplo, tem registado nos últimos anos um contributo positivo acima de 40%. Em 2013, o BPI registou um lucro de 66,8 milhões de euros, mas do banco em Angola, ou seja, do BFA, vieram 184 milhões de euros, o que mais do que compensou os prejuízos registados em Portugal . Um mercado que se tornou ainda mais importante para o sistema financeiro português desde que a crise financeira começou, em 2008. Uma porta que se fecha agora para o BES.
Este artigo integra a EXAME de julho de 2014.