Como o tempo anda fresco e há quem goste de enfiar barretes, comecemos com uma nota prévia. Ao contrário do que o título desta croniqueta indicia, o objetivo não é insultar os verdadeiros artistas do futebol, os jogadores. Palavra deste vosso escriba, amante incondicional do desporto-rei. Adiante.
A FIFA, entidade suprema do futebol planetário, é há demasiado tempo um antro de cinismo, hipocrisia e corrupção. Não há motivo para receamos quaisquer processos por abuso de liberdade de imprensa ou difamação. Do brasileiro João Havelange (1974-1998), ao suíço Sepp Blatter (1998-2015, ao atual presidente da organização, o italiano-helvético Gianni Infantino, os dirigentes máximos do pontapé na bola gostam de tomar os adeptos por parvos. Depois da vergonha que foi a atribuição do campeonato do mundo ao Qatar, disputado entre novembro e dezembro de 2022, ficamos a saber esta semana que a Arábia Saudita, essa santa terra governada por um facínora chamado Mohammad Bin Salman (MBS), irá ser a anfitriã do torneio em 2034. Tratou-se de algo que já não surpreendeu quase ninguém porque tudo estava devida e antecipadamente tratado, como escreveu, por exemplo, o mais prestigiado jornalista de desporto do Reino Unido, Martin Samuel. O reino da família Saud e o emirado dos Al Thani andam há décadas a apostar forte e feio no branqueamento dos respectivos regimes, em particular através do desporto, vulgo sportswashing. O Governo de Riad já investiu centenas de milhões no boxe, na luta livre americana, no pugilismo, no golfe e muito mais em contratar carradas de craques, a começar pelo nosso querido Cristiano Ronaldo que, em perfeita sintonia com quem lhe paga, veio logo vaticinar, nas redes sociais, que o campeonato do mundo no maior estado da Península Arábica será “o melhor da história”.
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