Que esta legislatura ia ser desafiante, já todos sabíamos. A maioria relativa garantida por Luís Montenegro, nas eleições de março, fez antecipar vários cataclismos. Até agora, com mais ou menos dificuldades, o Executivo foi-se aguentando. Mas falta, claro, a prova de fogo: a aprovação do Orçamento do Estado para 2025, o documento que marcou todos os discursos da rentrée política, e que fez soar os alarmes em Belém. Marcelo Rebelo de Sousa falou pouco, e o tom foi mais de aviso do que de otimismo convicto: “Eu não acredito que haja quem quer que seja que se furte ao diálogo para chegar a um Orçamento do Estado viável, no momento em que os números em relação à Economia portuguesa levam as agências financeiras a darem notas positivas”, referiu o Presidente da República este fim-de-semana. “Se perguntar aos portugueses, se houvesse um voto sobre isso, a esmagadora maioria ia dizer que não quer uma crise política”, avisa Marcelo. “Não estou em crer que, no momento decisivo, não pese o bom senso”, concluiu.
As declarações foram feitas no mesmo fim-de-semana em que Mariana Mortágua rejeitou um “Orçamento da Direita”, durante o Fórum Socialismo, em Braga. “Quem viabiliza o orçamento de Direita, suporta o governo de Direita. Quem suporta o governo de Direita, não faz oposição à Direita. Quem não faz oposição à Direita não representa uma alternativa a esse governo”. O aviso pareceu diretamente dirigido a Pedro Nuno Santos, líder do Partido Socialista, que Mortágua acusa de mudar de ideias quanto à decisão de poder viabilizar o OE para 2025.