“Tive cancro aos 13 anos. Sempre o vivi de uma forma positiva e otimista e daí querer fazer algo pelos outros. Tive medo, claro que tive medo, mas recordo-me que os melhores momentos eram quando me ria ou quando fazia rir os outros.
Há uns anos, trabalhei numa produtora a fazer programas de humor. Como estudei comunicação social, queria escrever. Fiz guiões e fiz stand up comedy. Quando surgiu a ideia de fazer um blogue chamado cancro com humor, percebi que podia ajudar os outros e então tornou-se uma causa. AInda por cima, permite-me receber o feed-back na hora. Dizem-me que é uma ótima companhia e que é aquilo que os anima. Quem está internado, diz mesmo que o melhor momento do dia é quando vai ao blogue.
É verdade que também recebi críticas, como se isto fosse alguma desvalorização da doença, mas isso não é verdade. Acontece que a minha perspetiva é ao contrário: o doente é o herói, a doença é que é o inimigo. Assim, quero levar-lhe humor, valorizá-lo. Aliás, valorizá-los, aos meu carequinhas, que é como lhes chamo, com muito carinho. Dou sempre o exemplo do António Feio. O cancro nunca tomou conta dele.”