Os ensaios duram há pouco mais de meio ano e juntam seis doentes com Alzheimer, duas vezes por semana, num total de quatro horas, numa oficina terapêutica. O resultado de tanto “trabalho” será apresentado ao público no dia 27 de outubro, sábado, numa sessão única da ópera “É Mentira”.
Luísa Brandão, soprano do Teatro Nacional de S. Carlos, e João Lucena e Vale, professor de piano do Conservatório de Lisboa, são os orientadores do grupo de amadores que subirá a uma espécie de palco, no foyer desse mesmo teatro. A entrada é livre, mas obriga à inscrição de associados e não associados da Profundamente, associação promotora. A única coisa paga é o almoço, já que o espetáculo está integrado num encontro mais vasto, que dura das dez da manhã às seis da tarde.
Esta será uma ópera tudo menos normal. Os cantos líricos e os cenários fantásticos darão lugar a um espetáculo único, composto por vários exercícios terapêuticos e destinados a treinar a coordenação motora e a motricidade fina, duas competências básicas que se perdem com o avanço desta doença degenerativa. Também se conta uma história, claro, que começa num hospital e acaba num casamento encenado.
“Não obstante o título ‘Ópera Terapêutica’ estamos, no fundo, perante a exibição de vários exercícios cénicos e alguns testemunhos onde os participantes exprimem de uma forma livre os seus sentimentos e emoções”, explica Nuno Pólvora, do Teatro Nacional.
Pensada pela associação Profundamente, que se dedica a apoiar e informar os doentes com Alzheimer e os seus familiares, e levada a cabo em parceria com o Teatro Nacional de S. Carlos, esta é uma das oficinas terapêuticas que, em 2012, ganharam o Prémio European Foundations Initiative on Dementia da Network of European Foundations – as outras estão a ser desenvolvidas com o Museu da Música Portuguesa e com o Museu do Azulejo.
Durante o dia, realiza-se o II Encontro Profundamente, subordinado ao tema “Nascimento de uma Identidade”.