Não chovia na manhã em que Marta Francisco foi até à casa de Mário, a uma hora de bicicleta de Panjim. Uma sorte, porque era o início da estação das monções e ela estava com vontade de pedalar para longe da capital do estado de Goa e ir estrada fora por aquela paisagem povoada de cruzes, tão diferente doutros sítios da Índia.
Uns dias antes, telefonara-lhe a combinar esse segundo encontro entre ambos e tremera ao ouvi-lo dizer que não se recordava de a ter conhecido dois anos antes. “Mas, aos 92, lembrava-se de cada pequeno aspeto da sua existência”, perceberia ela rapidamente.

