O “M” preto e marcante no documento de identidade de Alexandra era mais do que uma relíquia de uma vida passada. Era a barreira final para a plena aceitação social. “Eu não queria viver uma vida registada pelo Estado como homem, já que tenho a aparência que tenho e a sociedade me trata como mulher, seja como for”, recorda.
O medo de ser exposta era constante. No consultório médico, chamariam “senhor” à frente de todos novamente? Num hotel, a rececionista olharia duas vezes? A única saída era mudar a inscrição masculina nos seus documentos através do reconhecimento legal do género. E, na República Checa, isso significava ser esterilizada de forma compulsória.

Alexandra, 25 anos
A jovem da República Checa submeteu-se a uma orquiectomia em 2022. Foi obrigada.
Sem a cirurgia que remove os testículos e a deixou estéril, não poderia alterar o género nos seus documentos oficiais. “Não tomei a decisão porque queria, eu precisava… Era uma questão de ter os mesmos direitos, essencialmente, que as outras mulheres ao meu redor.”