A reportagem “Imigrantes – Os braços que nos alimentam”, que fez capa da VISÃO na edição de 1 de fevereiro de 2024, venceu a categoria de Imprensa dos Prémios Gazeta de 2024, considerados os mais prestigiados do jornalismo em Portugal. O júri, que anunciou esta semana os vencedores de trabalhos publicados ao longo do ano passado, voltou a premiar a VISÃO nesta categoria, mas, ao contrário do que acontecera em 2022, quando Miguel Carvalho foi distinguido a solo com um artigo de investigação sobre o partido Chega (tendo ganho ex aequo com Pedro Caldeira Rodrigues, da Agência Lusa), desta vez coube a uma vasta equipa de jornalistas assinar a grande reportagem premiada. Clara Teixeira, Filipe Fialho, Joana Loureiro, João Amaral Santos, Luísa Oliveira, Paulo M. Santos, Rui Antunes, Sara Rodrigues, Sónia Calheiros foram os responsáveis pelos textos, enquanto as imagens foram captadas pelas lentes dos fotojornalistas Lucília Monteiro, Luís Barra e José Carlos Carvalho, em várias regiões do País.
Ficámos a saber, por exemplo, que, sem a mão de obra do Nepal, Índia e Tailândia, quase não teríamos agricultura; que, sem a da Indonésia, a capacidade de pesca ficaria muito reduzida; e que, sem a do Brasil, a maioria da restauração fecharia. São os próprios empresários que o assumem neste retrato da imigração em Portugal, produzido a muitas mãos e com edição de Alexandra Correia, no qual ficou demonstrado como os números da economia contrariavam o discurso de ódio – à data, as contribuições para a Segurança Social superavam sete vezes o valor das prestações recebidas.
Na 40ª edição dos Prémios Gazeta, uma iniciativa do Clube dos Jornalistas, Mário Zambujal recebeu o Prémio de Mérito. O também escritor passou por muitas redações, como as de A Bola, Diário de Lisboa, O Século, Record, RTP ou Diário de Notícias, entre outros.
Na categoria de Televisão, o galardão foi atribuído a Jacinto Godinho e a Carlos Oliveira, autores do documentário “Os Olhos da Revolução”, exibido na RTP, sobre as primeiras imagens vídeo da revolução de 25 de abril de 1974. Já a Gazeta de Rádio foi parar às mãos de Maria Augusta Casaca, da TSF, pela sua reportagem “Abril passou por aqui”, para a qual andou pelo país à procura de testemunhos das campanhas de “dinamização cultural e ação cívica”, promovidas por militares do MFA (Movimento das Forças Armadas), no pós-Revolução dos Cravos.
Na área de Multimédia, Joana Gorjão Henriques, Joana Bougard e José Carvalheiro, do jornal Público, foram distinguidos pelo trabalho “Anatomia de uma detenção pela PSP”, que reconstrói a detenção de vários jovens na sequência de um protesto contra uma manifestação anti-imigração promovida pelo Chega. O Prémio de Fotografia foi para António Pedro Santos, da Lusa, pelas imagens captadas na Síria após a queda de Bashar al-Assad, enquanto Tatiana Felício, da Antena 1, ficou com a Gazeta Revelação, graças à reportagem “O rio que nos une”, sobre as ligações entre as vilas de Alcoutim, em Portugal, e de Sanlúcar del Guadiana, em Espanha, separadas, mas pouco, pelo rio que marca a fronteira entre os dois vizinhos da Península Ibérica.
Todos os referidos prémios foram decididos por um júri composto por Eugénio Alves, Cesário Borga, Eva Henningsen, Fernanda Mestrinho, Elisabete Caramelo, Dina Soares, Joaquim Furtado, Fernando Cascais, Jorge Leitão Ramos, José Rebelo, Inácio Ludgero e Paulo Martins, mas o de Imprensa Regional ficou a cargo da direção do Clube dos Jornalistas, que o atribuiu ao Diário do Alentejo, o agora semanário de Beja, fundado em 1932, “tem vindo a revelar-se particularmente atento às novas realidades sociais de uma região em mudança”, com “elevado peso de comunidades migrantes”.
LEIA AQUI A REPORTAGEM PREMIADA:
Reportagem especial: Imigrantes, os invisíveis que nos alimentam