Christian Brückner foi absolvido esta terça-feira de cinco crimes sexuais graves – nomeadamente três violações e dois casos de abuso sexual sobre crianças – cometidos, alegadamente, em Portugal entre 2000 e 2017. O julgamento, que teve início em fevereiro deste ano, não tem relação com o caso do desaparecimento de Maddie McCann, do Algarve, em 2007.
Brückner tinha negado todas as acusações, que nunca chegaram a ser investigadas pelas autoridades portuguesas. A principal acusação contra o alemão, de 47 anos, passava pela violação de Hazel Behan, uma mulher irlandesa que se encontrava a passar férias na Praia da Rocha, em 2004, e que alega ter sido violada várias vezes por um homem mascarado. Durante o julgamento, Behan afirmou nunca ter esquecido os olhos do atacante, que, nas palavras da mesma, lhe ficaram “gravados no cérebro”, segundo o britânico BBC. Já o advogado de Christian Brückner, Friedrich Fulscher, alegou que a descrição do atacante não corresponde ao seu cliente.
Outras das acusações envolve o assédio de uma criança britânica, de dez anos, na praia da Salema, no Algarve, um mês antes do desaparecimento de Maddie.
Christian B (como é referido nos media alemães devido à lei ue proibe a divulgação do seu apelido) viveu entre a Alemanha e Portugal entre os anos 90 e até à sua detenção e deportação em 2017. Apesar de nunca ter sido formalizada qualquer acusação, Brückner foi apontado, em junho de 2020, como o principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann, em 2007, a Praia da Luz, enquanto passava férias com a família. Segundo um homem que partilhou uma cela na prisão com o suspeito alemão, Christian B partilhou vários pormenores do que terá acontecido na noite de 3 de maio de 2007.
Durante o julgamento a procuradora-geral alemã Ute Lindemann descreveu Christian B como um “psicopata sádico” e defendeu a sua condenação a 15 anos de prisão.
Já Fulscher, advogado de Christian B, afirma que o seu cliente foi levado a julgamento por estes cinco crimes sexuais apenas porque é suspeito do desaparecimento de McCann. “Esta história ensina-nos as terríveis consequências que podem advir quando os investigadores do Ministério Público perdem a necessária distância emocional de um caso e esta atitude é combinada de forma desastrosa com investigações amadoras por parte de uma autoridade policial”, defendeu.
“A sua decisão [de acusar] teria sido diferente se o arguido não fosse Christian B, o homem a quem também querem atribuir um crime que atraiu a atenção do público mundial e que paira como um nevoeiro sobre este processo”, acrescentou Fulscher.
O alemão cumpre atualmente uma pena de sete anos de prisão na Alemanha, também por crimes de violação, e vai continuar preso até setembro de 2025.