Depois de ser maquilhado e penteado pelos mesmos de sempre, na sua casa de Lisboa, e já de camisa de marca a tapar-lhe o tronco antes nu, Herman José pega no telemóvel que o acompanha constantemente e mostra, entre o orgulho e a nostalgia, a entrevista que Vítor de Sousa fez a Felisberto Lalande, presidente da associação das pessoas que não dizem os eles. Rimos muito, ao recordar o sketch divertidíssimo, de 1990, que agora todos podem ver no seu perfil do Instagram. O humorista está mais atual do que nunca nesta rede social e esbanja energia em palco, mesmo que o Cartão de Cidadão teime em confirmar-lhe que já vai longa a sua jornada por aqui. A palavra ao mestre, com a devida vénia.
O Cartão de Cidadão diz que tem 70 anos. Mas aí dentro, como se sente?
Em alguns momentos, gosto de ter ganhado certezas sobre as coisas, pois há dúvidas que desaparecem. Quanto mais certezas temos, e mais se arruma aquilo que se sente, melhor é a qualidade de vida – sente-se mais paz, dorme-se melhor. Por esse lado, sinto que valeu a pena a passagem do tempo, e até lhe acho alguma piada. A parte inquietante é muito maior, sobretudo quando se chega à conclusão chocante de que vivemos menos de metade do tempo de uma baleia da Gronelândia.