Se existisse uma métrica para o espaço que o dinheiro ocupa nas nossas cabeças ao longo de um só dia, ele seria… demasiado. A fantasia de ser rico, muito rico, e realizar qualquer extravagância é capaz de induzir uma espécie de transe afrodisíaco. Este efeito sedutor contrasta com a desconfiança e o mal-estar social em relação aos abastados, por serem protagonistas de pecados capitais, por influência da teologia cristã no Ocidente (“é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”). E, contudo, afastar o dinheiro da mente é como pedir a alguém para não pensar num Ferrari vermelho: uma missão impossível.
“Tal como a comida motiva os cães, o dinheiro motiva as pessoas”, observou o investigador norte-americano Brian Knutson à Harvard Business Review. Ao estudar os mecanismos cerebrais envolvidos na tomada de decisões financeiras, o professor de Psicologia e Neurociência da Universidade de Stanford concluiu que “nada excita mais o cérebro do que o dinheiro – nem os corpos nus ou cadáveres deixam as pessoas tão agitadas.”