Tal como milhões de crianças em todo o mundo, Vincent Freeman sonhava ser astronauta. À sua volta, contudo, todos sabiam que essa ambição era irrealizável, desde o dia do seu nascimento. Bastara uma gota de sangue, colhida durante o primeiro choro, para uma enfermeira sentenciar o seu destino. A hipótese de sofrer de depressão era de 42%, a probabilidade de ser diagnosticado com défice de atenção chegava aos 89% e seria doente cardíaco com 99% de certeza. A sua esperança média de vida não ia além dos 30 anos. Uma previsão tão detalhada do futuro do bebé tornara-se possível devido aos avanços científicos no domínio da genética humana.
Sim, este ainda é um cenário de ficção científica. Neste caso, do filme Gattaca (1997), realizado pelo neozelandês Andrew Niccol. Naturalmente, Vincent Freeman, interpretado pelo ator Ethan Hawke, irá fazer de tudo para contrariar a sua fatalidade genética e realizar o seu sonho. Mas, um quarto de século após a estreia do filme, estaremos mais próximos de viver numa sociedade geneticamente estratificada? Ou, pelo contrário, mais seguros acerca do impacto do meio ambiente no desenvolvimento dos seres humanos?