O empresário português Carlos Santos, CEO da empresa Ethos Asset Management, com sede em San Diego (Califórnia), nos Estados Unidos da América, foi detido por suspeitas de ter criado um esquema em pirâmide que lesou um sem número de clientes em centenas de milhões de euros.
Carlos Manuel da Silva Santos, 29 anos, natural de Leiria, foi detido, no passado domingo, no aeroporto de Newark (Nova Jérsia), quando regressava aos Estados Unidos da América, depois de compromissos no estrangeiro. De acordo com a Justiça norte-americana, o empresário cobrava aos seus clientes uma taxa inicial correspondente “a uma determinada percentagem do valor do empréstimo”, mas acabava depois por não conceder o crédito acordado entre as partes. O dinheiro que Carlos Santos somava era, por sua vez, utilizado para reembolsar outros clientes, pagar comissões aos seus colaboradores e usado em despesas pessoais, diz a acusação. A denúncia alega que a Ethos Asset Management chegou a receber uma taxa inicial de um cliente superior a 8 milhões de dólares, com vista a ter acesso a uma linha de crédito perto dos 360 milhões de dólares, mas esse montante não existia.
Carlos Santos é ainda suspeito de obter financiamento de instituições financeiras para “alimentar” o esquema. Arrisca uma pena de prisão até aos 20 anos e o pagamento de uma multa de 250 mil dólares.
“Lenda” da alta-finança com passagem pelo ISEG
Descrito como “uma lenda” e “um feiticeiro” do mundo da alta finança, em publicações especializadas, Carlos Santos garantia ter um património líquido estimado de 2 mil milhões de dólares e que o grupo que liderava valia perto dos 52 mil milhões de dólares, num dos mercados mais competitivos do planeta – a indústria financeira. Além dos negócios nos Estados Unidos da América, tinha ligações ao Brasil, país onde prometia investir 2 mil milhões de dólares em 2024.
Segundo a conta de LinkedIn do suspeito, Carlos Santos tem licenciatura em Economia (em 2015) e mestrado em Contabilidade, Finanças Empresariais e Fiscalidade Internacional (em 2017) pelo ISEG – Lisbon School of Economics & Management da Universidade de Lisboa – que concluiu com notas de 18 e 19 valores, respetivamente.
Em 2015, tornou-se professor e investigador no ISEG – Escola Superior de Economia e Gestão de Lisboa e foi nomeado professor visitante da instituição a partir de 2016, destaca ainda. Entretanto, a instituição de ensino contactou a VISÃO, para esclarecer que Carlos Santos “colaborou com o ISEG enquanto assistente, mas rescindiu o contrato em 2021, altura em que cessou a sua ligação à escola”. Profissionalmente, passou ainda pelo Banco de Portugal e ainda pelo projeto PLOTINA.
Em janeiro de 2016, Carlos Santos fundou a Ethos Asset Management nos Estados Unidos da América. A empresa prometia fornecer capital para projetos e para reestruturar dívidas. Em 2022, anunciava estar presente em 72 países, incluindo Portugal. Alega ainda ter somado vários prémios ao longo da sua carreira, atribuídos pelo Banco de Portugal (em 2015), o prémio Ernst & Young para Melhor Economista (2016) e ainda o Africa Dubai Honours Award for Excellence and Leadership Prowess e o Men Leaders to Look Upto Award (ambos em 2021).
Notícia atualizada, no dia 16.11.2023, às 19h45, com a informação do ISEG que Carlos Manuel da Silva Santos colaborou, de facto, com o ISEG enquanto assistente, mas rescindiu o contrato em 2021 com a instituição escolar, cessando a sua ligação à escola nessa data.