“Varas em um pacote são inquebráveis.” O provérbio africano que mostra a força de uma equipa ou de um grupo está escrito num quadro branco do gabinete de Manuel Domingos, no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (mais conhecido como Júlio de Matos). O professor e investigador nas áreas de neuropsicologia e neurociências relembra com carinho quem ali deixou aquela marca. “Foram uns alunos de mestrado que, preocupados por eu estar a passar um momento mau, quiseram dizer-me que me consideravam um conjunto de varas fortes.” O que estes estudantes revelaram foi empatia e compaixão pelo professor, uma das subdimensões dos traços de personalidade. E, curiosamente, as pessoas empáticas têm mais competências cognitivas.
Esta foi uma das conclusões de uma enorme investigação sobre a correlação entre os traços de personalidade e as capacidades cognitivas (inteligência). Durante treze anos, vários investigadores analisaram mais de 1 300 estudos, de mais de 50 países, numa amostra de dois milhões de pessoas, entre os 12 e os 100 anos. A meta-análise inicial, publicada agora no Proceedings of the National Academy of Sciences, relaciona 79 traços de personalidade com 97 capacidades cognitivas, mostrando como estão de braço dado.