Pudesse este artigo começar com uma lista de agradecimentos, e a de Svitlana Proskurnikova seria bem longa. “Portugal é pequeno, mas tem um coração grande”, sublinha a viúva, de 62 anos. Imigrante no nosso país há quase duas décadas, mal rebentou a guerra na Ucrânia que ela não descansou enquanto a nora e os três netos não se lhe juntaram em Vila Nova de Famalicão, no início de março de 2022.
Foram dos primeiros refugiados a chegar a este canto da Europa, tão afastado quanto possível do conflito, que lhes arruinou o modo de vida e os empurrou, à força, para outro lugar. Ao fim de quase um ano de guerra, quase 58 mil pessoas que viviam na Ucrânia encontraram aqui abrigo, muitas acolhidas por familiares. Svitlana ocupava apenas um quarto de uma casa cedida pelos patrões, donos de uma empresa agroalimentar, que logo disponibilizaram as restantes divisões para receber a família. A comunidade fez-lhe chegar roupa, bens alimentares, mobiliário e eletrodomésticos, o suficiente para os conseguir acomodar com o mínimo de conforto. A câmara municipal, que criou um posto de atendimento aos cidadãos ucranianos, continua a prestar-lhes auxílio alimentar. “Todos os dias vamos ao refeitório municipal, e os miúdos apreciam a comida portuguesa”, conta Nataliia, a nora, de 40 anos.